Chanceler russo se reúne com líder norte-coreano e critica ‘política perigosa’ dos EUA
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, reuniu-se nesta quinta-feira (19) com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, em Pyongyang, após denunciar o que chamou de "política militar perigosa" dos Estados Unidos para o país asiático, uma potência nuclear.
"Assim como nossos amigos norte-coreanos, estamos seriamente preocupados com a intensificação das atividades militares dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul na região e com a política de Washington", declarou o ministro russo em entrevista coletiva.
As forças dos Estados Unidos "estão transferindo infraestruturas estratégicas, incluindo elementos nucleares", disse Lavrov, sem revelar mais detalhes. "Somos contrários a essa linha não construtiva e perigosa", acrescentou o chefe da diplomacia russa.
A visita de Lavrov, que começou ontem, deve preparar o terreno para uma viagem do presidente Vladimir Putin, que recebeu um convite do líder Kim Jong Un no mês passado, durante uma reunião dos dois líderes na Rússia.
Kim afirmou que o objetivo de seu governo é "trabalhar em um plano estável, com visão de futuro e a longo prazo nas relações entre a Coreia do Norte e a Rússia na nova era", indicou hoje a agência oficial norte-coreana KCNA.
Lavrov declarou que Rússia, China e Coreia do Norte "buscam, de forma construtiva, propor alternativas à escalada da tensão" na região. "Somos a favor do estabelecimento de um processo de negociação regular sobre questões de segurança na península coreana, sem condições prévias", declarou.
Lavrov chegou na noite de ontem à Coreia do Norte para uma visita de dois dias, após acompanhar Vladimir Putin em Pequim. Antes da reunião com o líder norte-coreano, o chanceler russo denunciou "a política militar perigosa" dos Estados Unidos e de seus aliados Japão e Coreia do Sul para a Coreia do Norte
Como resposta ao número recorde de testes de armas executados este ano pela Coreia do Norte, a vizinha Coreia do Sul reforçou as relações de Segurança com o aliado tradicional Estados Unidos e estabeleceu um acordo de defesa trilateral que inclui o Japão.
Coreia do Sul e Estados Unidos realizaram exercícios militares conjuntos e um submarino nuclear americano fez uma escala em julho em um porto sul-coreano pela primeira vez em décadas.
Um bombardeiro B-52 com capacidade de transportar armas nucleares está atualmente no aeroporto de Cheongju, quase 100 quilômetros ao sul de Seul. É o primeiro avião do tipo a pousar em território sul-coreano desde o ano 2000. Segundo a imprensa local, o B-52 poderia participar de exercícios conjuntos no domingo com a participação de Coreia do Sul, EUA e Japão.
O chanceler Lavrov destacou que as relações entre Coreia do Norte e Rússia foram fortalecidas após "o encontro de cúpula histórico" de setembro entre Putin e Kim.
"Posso afirmar com confiança que as relações atingiram qualitativamente um novo nível, estratégico", disse Lavrov ao ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son Hui, segundo as agências russas.
O encontro entre Putin e Kim provocou o temor entre as potências ocidentais de que a Coreia do Norte forneceria armas à Rússia para a guerra contra a Ucrânia.
O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que a Coreia do Norte entregou nas últimas semanas mais de 1.000 contêineres de equipamentos militares à Rússia. Em resposta às acusações, o Kremlin afirmou que "não há provas" de que a Coreia do Norte está enviando armas à Rússia.
FONTE: Estado de Minas