Ex-comandante paramilitar preso nos EUA ficará livre se voltar à Colômbia

15 ago 2023
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Salvatore Mancuso, ex-comandante paramilitar colombiano-italiano preso nos Estados Unidos, ficará livre caso volte à Colômbia, que deseja a sua extradição para que ele participe dos diálogos com grupos armados ilegais, informaram autoridades nesta terça-feira (15).

Preso desde 2008 por narcotráfico, Mancuso foi designado gestor de paz pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, no fim de julho. Sua nomeação foi ratificada ontem, em uma resolução oficial.

O antigo comandante das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), no entanto, ainda tem contas a acertar com a Justiça do país e estava em dúvida se poderia realizar tal tarefa em liberdade ou da cadeia.

"A designação como gestor de paz coloca a pessoa em liberdade, mas não a libera dos compromissos judiciais. Ele tem muitos processos em curso na Colômbia, que seguem seus trâmites", explicou hoje à W Radio o ministro colombiano da Justiça, Néstor Osuna.

Um tribunal da Colômbia condenou Mancuso a oito anos de prisão por centenas de deslocamentos, desaparecimentos e homicídios. A pena - que ele não cumpriu - foi a máxima estabelecida como parte de um acordo que pôs fim, em 2006, às AUC, associação de esquadrões que enfrentaram as guerrilhas de esquerda.

O ex-comandante, 58 anos, foi extraditado inesperadamente em 2008, por decisão do então presidente colombiano, o direitista Álvaro Uribe (2002-2010), sem dar a sua versão sobre os pormenores da guerra, nem fazer reparações às vítimas, como previa o acordo. Da prisão, ele ameaçou expor as relações sensíveis dos paramilitares com políticos e empresários.

As vítimas de Mancuso e o governo de esquerda esperam que, com seu retorno, sejam revelados o paradeiro de centenas de cadáveres e a verdade sobre quem patrocinou os paramilitares.

Em maio, Mancuso ofereceu ajuda nas buscas a cerca de 200 corpos de agricultores assassinados pelas AUC perto da Venezuela e sepultados do outro lado da fronteira.

Os Estados Unidos ainda não responderam ao pedido de extradição feito no mês passado pelo governo colombiano. O ex-paramilitar está tomando providências para ser enviado à Itália assim que for solto.

Na luta contra a insurgência, os paramilitares semearam o terror com massacres e perseguiram aqueles que, segundo eles, tinham ligação com organizações de esquerda.


FONTE: Estado de Minas


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