Presidente eleito da Guatemala insiste em renúncia de procuradora-geral

20 out 2023
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O presidente eleito da Guatemala, o social-democrata Bernardo Arévalo, insistiu, nesta sexta-feira (20), na renúncia da procuradora-geral Consuelo Porras, durante ato comemorativo da Revolução de 1944, liderada por seu pai.

"Temos pedido e continuaremos pedindo que a procuradora renuncie", disse Arévalo, cujo partido, Semilla (Semente), tem sido alvo de uma cruzada da Procuradoria, depois da vitória com folga de Arévalo no segundo turno das eleições presidenciais, em 20 de agosto, gerando incertezas no país.

Há quase três semanas, tem havido bloqueios rodoviários exigindo a saída de Porras, do promotor Rafael Curruchiche e do juiz Fredy Orellana, depois que estes ordenaram operações de buscas na sede do tribunal eleitoral, alegando supostas irregularidades nas eleições disputadas em dois turnos, realizados em junho e agosto.

Arévalo, um sociólogo de 45 anos, os acusa de liderar um "golpe de Estado em curso" devido ao temor das elites no poder à sua promessa de combate à corrupção. Os três funcionários foram incluídos pelos Estados Unidos em uma lista de "corruptos" e "antidemocráticos".

Arévalo afirmou que a Procuradoria "é a ferramenta dos corruptos, que se negam a aceitar o veredicto do povo da Guatemala, que já foi dado nas urnas".

Também criticou o presidente em fim de mandato, Alejandro Giammattei, afirmando que ele não tem "a menor intenção de buscar algum arranjo" que facilite sua chegada ao poder em 14 de janeiro.

Arévalo foi o principal orador no ato pela Revolução de 20 de outubro de 1944, que deu início à "primavera democrática" liderada por seu pai, o presidente Juan José Arévalo (1945-1951), e continuada por seu sucessor, Jocobo Árbenz, até sua deposição, em 1954.

Simbolicamente, esteve no palanque ao lado de Arévalo um filho do presidente deposto, também chamado Jacobo Árbenz, de 76 anos.

Durante a década da "primavera democrática", foi criado o Instituto Guatemalteco de Previdência Social, deu-se autonomia à Universidade de San Carlos (estatal) e aos municípios. Também permitiu-se o voto a mulheres e analfabetos.

Em seu discurso, Arévalo fez um paralelo entre a Revolução de 1944, que marcou o fim de décadas de ditaduras, e o momento atual.

"Hoje, nos encontramos em um momento similar", disse. "Estamos, assim como naquela época, em um momento de unidade e consenso contra a tirania", acrescentou, ao prometer "uma nova primavera".

Em homenagem à Revolução de 1944, na Guatemala é feriado em 20 de outubro.


FONTE: Estado de Minas


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