Sandra Torres põe em dúvida a transparência do segundo turno na Guatemala

18 ago 2023
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A candidata presidencial Sandra Torres pôs em dúvida, nesta quinta-feira (18), a transparência do segundo turno de domingo na Guatemala, ao afirmar que estrangeiros e partidários de seu rival, Bernardo Arévalo, podem alterar o sistema de computação dos votos do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

"Nós colocamos em dúvida esse processo eleitoral, nos preocupa muitíssimo qualquer alteração de dados", declarou a ex-esposa do mandatário social-democrata Álvaro Colom (2008-2012), já falecido, em uma coletiva de imprensa anterior ao encerramento de sua campanha.

Torres também insinuou que o TSE e os observadores eleitorais da Organização dos Estados Americanos (OEA) favorecem o partido Semilla de Arévalo, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

"O Tribunal Supremo Eleitoral é imparcial, é objetivo, ou é do Semilla?", questionou a candidata da Unidade Nacional da Esperança (UNE), de ideologia social-democrata como seu rival.

"Não posso confiar em um sistema onde há digitalizadores afiliados a outro partido", acrescentou Torres, que enfrenta o seu terceiro segundo turno consecutivo. Ela já havia perdido para Jimmy Morales (2016-2020) e para o atual mandatário, Alejandro Giammattei.

"Peço à OEA que dê mostras de que não está favorecendo nenhum partido político", exigiu a ex-primeira-dama.

"O que nós estamos pedindo são eleições honestas", "hoje está em risco a democracia, porque querem nos roubar as eleições", acrescentou.

- "Candidato uruguaio" -

Pouco depois, Torres encerrou sua campanha diante de centenas de seguidores em La Terminal, um popular mercado da capital, onde disse que Arévalo é um "candidato uruguaio" e não guatemalteco.

Seu rival nasceu em Montevidéu em 1958 durante o exílio de seu pai, o ex-presidente reformista Juan José Arévalo (1944-1951), após a deposição de seu sucessor, Jacobono Árbenz em 1954.

"Não vamos permitir que influenciem nossas crianças com ideologias raras e estrangeiras [...], que implementem agendas estrangeiras em seu país", disse Torres, que foi alvo dessas mesmas acusações em suas duas campanhas anteriores por parte de políticos de direita.

-"Defesa da família" -

Torres repetiu os argumentos do questionável promotor Rafael Curruchiche, que tentou inabilitar o partido Semilla, justificando irregularidades em sua inscrição como partido em 2017 e 2018, com o aparente objetivo de tirar Arévalo do segundo turno.

"Em meu partido não há falsas [afiliações] e nem ressuscitamos mortos para que se afiliem à UNE, como aconteceu com o outro partido político", acusou a ex-primeira-dama.

Além disso, assegurou que Arévalo pretende legalizar o aborto e o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, algo que o candidato nega.

"Fizemos uma campanha de defesa da família sendo consistentes de que o aborto e o matrimônio entre dois homens e duas mulheres não têm a ver conosco", apontou a candidata da UNE.

Mais de nove milhões de guatemaltecos estão aptos a votar no domingo para escolher o seu novo presidente em meio a altos níveis de corrupção, violência e pobreza.

"Sendo concreto e objetivo, considero que Sandra Torres tem mais experiência e a outra pessoa não tem", apontou à AFP Josué Ordóñez, de 36 anos, um advogado presente no ato político de Torres.

"O povo precisa de uma pessoa que seja do povo e para o povo; quando ela foi primeira-dama nos deu esse apoio", disse Lorena Morales, dona de casa de 72 anos de Mixco, município próximo à capital.

Arévalo encerrou sua campanha na quarta-feira, quando evocou a "primavera" democrática de 1944-1954 iniciada por seu pai e continuada por Árbenz.

O vencedor do segundo turno tomará posse em 14 de janeiro de 2024.


FONTE: Estado de Minas


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