A ofensiva de inverno da Rússia na Ucrânia, outra decepção para Moscou

08 abr 2023
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A ofensiva de inverno (hemisfério norte, verão no Brasil) do exército da Rússia foi anunciada com grande pompa e provocou temor na Ucrânia, mas as tropas de Moscou só conseguiram avançar algumas dezenas de quilômetros e enfrentam uma guerra de desgaste.

Os exércitos russo e ucraniano combatem ao longo de uma extensa frente de batalha, que vai do Mar Negro (sul) até o nordeste da Ucrânia, o que dificulta os grandes avanços.

- O símbolo de Bakhmut -

Bakhmut, na bacia do Donbass (leste), onde quase 70.000 pessoas moravam antes da guerra, é cenário da batalha mais prolongada desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

"Bakhmut virou uma área de forte desgaste, com muitas baixas para os dois lados", destacou o instituto americano Hudson.

O grupo paramilitar russo Wagner reivindicou no início de abril a conquista da prefeitura da cidade, devastada pelos bombardeios e combates.

O fundador do grupo de mercenários, Yevgueni Prigozhin, reconheceu na quinta-feira que o cemitério da localidade continua recebendo os corpos dos combatentes da milícia.

"Os integrantes do grupo Wagner continuam sendo enterrados aqui (...) Vamos transformar este cemitério em um monumento para as futuras gerações", disse.

O instituto Hudson afirma que "mesmo se Bakhmut cair", o exército russo não conseguirá "assumir o controle da região de Donetsk, um de seus principais objetivos territoriais".

- Poucos avanços -

De acordo com Léo Péria-Peigné, do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI), os russos conseguiram conquistar apenas 70 quilômetros quadrados em março.

"O exército russo carece de homens com treinamento e enfrenta problemas no abastecimento de munições de artilharia", explicou à AFP.

"Nós caminhamos para um equilíbrio entre os dois lados", considera.

O comandante do Estado-Maior do exército russo, Valeri Guerasimov, "está desgastando suas forças com ofensivas inoportunas e ineficazes, que podem deixá-las vulneráveis", opinou o analista americano Michael Kofman.

- Guerra de desgaste -

Há um ano, a guerra dizima os soldados e enfraquece o dispositivo militar.

Sem dados confiáveis, avaliações contraditórias de baixas e danos são divulgadas.

A atual situação "beneficia a Rússia (...) A Ucrânia gastou muito de suas forças para conservar cidades sem grande importância estratégica", declarou em Moscou o analista militar Alexander Khramchikhin.

As perdas russas provavelmente representam "mais da metade do total de equipamentos e arsenais" da força operacional terrestre russa antes da invasão, afirmaram, no entanto, Philippe Gros e Vincent Tourret em um relatório para a Fundação de Pesquisa Estratégica, com sede em Paris.

Apesar das dificuldades dos dois lados para avançar, "o exército russo provavelmente dispões de recursos e homens para organizar uma defesa tenaz", afirmou Kofman.

- Ajuda ocidental -

A Ucrânia continua recebendo uma grande ajuda dos Estados Unidos e dos países ocidentais, tanto com o envio de armas como com o treinamento de soldados e o apoio dos serviços de inteligência.

O futuro no campo de batalha "dependerá, por um lado, da velocidade do envio de suprimentos ocidentais e de seu tamanho e, por outro, da capacidade do exército russo para interceptá-los", considera Igor Korochencko, editor da revista russa Defesa Nacional.

Os envios de armas à Ucrânia "prolongam o conflito", acrescenta o analista russo, objeto de sanções dos países ocidentais.

O analista ucraniano Andrei Zagorodniuk afirma que o presidente russo, Vladimir Putin, assume que o conflito será prolongado e que esta é "uma guerra de recursos" para subjugar a Ucrânia, cuja economia "não consegue entrar em recuperação".

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FONTE: Estado de Minas


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