Com doença rara, brasileira recebe medula vinda da Inglaterra: ‘Milagres acontecem’

15 mar 2023
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Diagnosticada com aplasia medular, Raimunda Souza de Almeida realizou o transplante no HU-UFJF. Procedimento foi o primeiro da unidade não aparentado, quando o doador não é ninguém da família.

Raimunda Carmo recebe medula vinda da Inglaterra

Raimunda Carmo/Arquivo Pessoal

Uma doação do banco internacional de medula garantiu transplante e vida nova a Raimunda Souza de Almeida Carmo, de 54 anos, paciente do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF).

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Moradora de Andrelândia, na Zona da Mata mineira, a mulher foi diagnosticada em 2018 com aplasia medular — doença rara da medula óssea em que há diminuição da produção das células sanguíneas.

Esta foi a primeira vez que o hospital realizou um transplante não aparentado, ou seja, quando não é uma medula doada por pais ou irmãos.

“Com muita fé recebi essas células. Era muito arriscado, no entanto, eu falei que poderia morrer, mas lutando. Fiz o transplante e logo a minha medula 'pegou'. Foi um milagre, mas milagres acontecem”, contou a paciente.

Da Inglaterra para o Brasil

A medula veio da Inglaterra, levada por um profissional de saúde. O processo foi todo intermediado pelo Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), pertencente ao Ministério da Saúde e com financiamento público.

Conforme explicou o médico hematologista Abrahão Hallack, a paciente já havia tentado tratar a doença com medicações e como não existia doador na família, ela foi inscrita no banco de medula até aparecer o doador.

“A partir daí, houve troca de mensagens e a preparação de toda a logística até a chegada da medula ao Brasil, tendo inclusive a Guerra da Ucrânia como um dificultador”, explicou o médico.

Segundo Hallack, o procedimento representa um passo importante para o início de um programa de transplante de medula óssea que utiliza doadores fora da família, “o que possibilita a expansão da capacidade de acesso a mais doadores, aumentando a oferta de tratamento a mais pessoas que necessitam desse tipo de terapia”.

Anos de luta

O diagnóstico de Raimunda foi dado em 2018, após ela procurar ajuda médica devido a fortes dores nas pernas, seguidas de manchas na pele e fraqueza.

“Fiquei muito assustada e comecei a procurar ajuda médica. A pandemia atrapalhou, fiquei muito mal, tentei todo tipo de medicação, fiquei quatro meses de cama, não comia nem consegui tomar água, não levantava, achei que ia morrer, nem consegui falar. Minha família chegou a ser chamada e os médicos disseram que não poderiam fazer mais nada por mim”, relembrou.

Contudo, ela reagiu. Voltou a se alimentar e a caminhar, até ser transferida para o HU-UFJF, onde iniciou o tratamento com transfusão e medicamentos duas vezes por semana.

Cansada do tratamento, resolveu tentar o transplante, mesmo com riscos. Os irmãos não eram compatíveis e também não foi encontrada medula no banco nacional, até ser confirmada a compatibilidade do doador inglês.

Redome

Doação de medula óssea pode salvar a vida do paciente, foto ilustrativa

Reprodução/TV TEM

O Redome foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), no Rio de Janeiro.

Com mais de 5 milhões de doadores cadastrados, o Redome é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente são incluídos mais de 300 mil novos doadores.

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FONTE: G1 Globo

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