Justiça russa mantém jornalista americano na prisão por acusações de espionagem

18 abr 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Um tribunal russo rejeitou nesta terça-feira (18) o pedido de libertação do jornalista americano Evan Gershkovich e ele continuará em prisão preventiva por acusações de espionagem, que o repórter nega.

A detenção em março do correspondente do Wall Street Journal (WSJ) é o primeiro caso do tipo em décadas na Rússia e acontece em plena crise entre Washington e Moscou pelo conflito na Ucrânia.

Gershkovich, "combativo" de acordo com sua advogada, apareceu nesta terça-feira pela primeira vez em público desde sua detenção para a audiência. Ele sorriu algumas vezes para os jornalistas que estavam no tribunal.

O repórter de 31 anos, que cobriu vários julgamentos na Rússia, permaneceu na cela de vidro atribuída aos acusados, com marcas de algemas nas mãos.

Após uma audiência a portas fechadas, o juiz decidiu "deixar inalterada" a prisão do repórter, detido em março, segundo um correspondente da AFP que teve acesso à sala durante a leitura da decisão.

Apesar da detenção, Gershkovich continua "combativo", afirmou uma de suas advogadas, Maria Korchaguina. Na prisão, ele "pratica esportes, entende que tem o apoio das pessoas", acrescentou.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia anunciou a detenção do repórter em março, quando ele trabalhava em Ekaterimburgo.

O Kremlin afirma que ele foi detido em flagrante delito de espionagem, sem apresentar nenhuma prova neste sentido, pois o caso é sigiloso.

As autoridades russas o acusam de coletar informações sobre a indústria de defesa.

Evan Gershkovich, sua família, o WSJ e as autoridades americanas rejeitam categoricamente as acusações de espionagem, que podem resultar em uma pena de 20 anos de prisão, e acusam Moscou de perseguição por seu trabalho de jornalista.

- "Não perco a esperança" -

A embaixadora dos Estados Unidos em Moscou, Lynne Tracy, que compareceu nesta terça-feira ao tribunal, visitou o jornalista na segunda-feira pela primeira vez desde sua detenção.

"Ele está bem de saúde e continua forte, apesar das circunstâncias", afirmou Tracy no Twitter depois de visitar o jornalista, de 31 anos.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, voltou a exigir a "libertação imediata" do repórter americano, conhecido por seu rigor e amor pela Rússia.

"Não perco a esperança", afirmou Gershkovich em uma carta enviada a seus pais, publicada na semana passada pelo Wall Street Journal.

A detenção acontece em um momento de grave tensão diplomática entre Estados Unidos e Rússia pelo conflito da Ucrânia, onde Washington apoia Kiev contra Moscou.

Desde o início da ofensiva russa contra a Ucrânia no ano passado, as autoridades intensificaram a repressão na Rússia contra os opositores e contra a imprensa.

A detenção de Gershkovich causou um grande choque, porque nenhum jornalista ocidental havia sido preso e acusado de espionagem na Rússia há décadas.

Muitos analistas acreditam que o jornalista poderia ser usado por Moscou em uma possível futura troca de prisioneiros com Washington.

Em dezembro de 2022, a estrela do basquete Brittney Griner, detida na Rússia, foi trocada pelo traficante de armas russo Viktor Bout, que estava preso nos Estados Unidos.

A data do início do julgamento de Gershkovich não foi anunciada.

Twitter


FONTE: Estado de Minas


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO