Por onde andam os food trucks de Belo Horizonte?

28 maio 2023
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Por onde andam os food trucks de Belo Horizonte? A capital mineira chegou a viver uma febre dos caminhõezinhos que vendem comida. A partir de 2016 eles chegaram a ser cerca de 250 veículos. A pandemia freou a aceleração do segmento, como ocorreu em todos setores da economia. Mas no caso dos food trucks, os bons tempos não voltaram até agora. Atualmente, o número de veículos não passa de 60, segundo empresários do ramo - uma queda de 76%.
Os principais pontos de food trucks em BH são no Bairro Castelo (praça Manoel de Barros, às quartas), Bairro Cidade Nova (praça Guimarães Rosa, às quintas) e Bairro Gutierrez (praça Leonardo Gutierrez, às sextas). A cada dia, de 18h às 23h, cerca de 25 carros participam dos encontros.
 
É injusto colocar a culpa somente na pandemia. Como todo modismo, alguns empresários investiram suas economias visando surfar na onda da comida sobre rodas, mas não conseguiram seguir no negócio. "Primeiro, muitas pessoas aventureiras compraram food truck no início e não deram conta de manter. Achavam que era para trabalhar pouco e ganhar muito. Segundo, a pandemia, que faliu os que ainda tentavam, mas sem poder trabalhar, não conseguiram arcar com os custos do carro", enumera Marcos Vinícius Carvalho, um dos organizadores de eventos com food trucks. Também há reclamações de outros empresários sobre a burocracia para se conseguir licença de trabalho junto aos órgãos públicos do município.
O movimento, no entanto, continua a ocupar as ruas da cidade, mesmo sem o vigor de antes. Organizados por meio de uma associação, os food trucks pagam uma taxa semanal para participar dos eventos em praças. "Temos a Associação Central Food Truck. Cada empresário paga cerca de R$ 180 por semana, R$ 60 por evento. Isso porque temos limpeza do local antes e depois, além de disponibilizar banheiros para o público", diz Marcos Vinícius.
Há oito anos no mercado, Pedro Pereira é dono do food truck Clandestinos, que estaciona semanalmente no Bairro Castelo. Ele assume que os encontros já foram mais movimentados. "No início, as praças eram bem cheias. Ainda acho agitadas, mas pelo o que já foi um dia, em 2017 por exemplo, caiu a movimentação".  
Carlos Alberto Brugger, é cliente do Clandestinos e viu essa diminuição no fluxo. "Sempre vou com um grupo de amigos e família, aproveitamos que é algo mais informal, tem musiquinha e a comida é boa. Pena que só tem uma vez na semana", brinca. "São muitas opções de comida, mas depois da pandemia, diminuíram bastante os carros. A impressão é que o público está voltando, mas os veículos não", finaliza. 
Já no Bairro Cidade Nova, Aline Mayr, aproveita todas as quintas-feiras para passar um tempo em família e rever amigos. Ela começou a frequentar o encontro no ano passado. "Eu, meu marido e meus dois filhos sempre vamos, porque sai da rotina e aproveitamos para reunir pessoas que gostamos", diz. 
Além da confraternização dos adultos, os mais novos aproveitam para brincar e ver colegas de escola. "Levamos brinquedos para os meninos, que têm 3 e 8 anos. E sempre o pessoal da escola marca de se encontrar lá. Outro ponto positivo é que meu marido trabalha em home office e não vê ninguém. O momento é bom para poder encontrar pessoas do trabalho, enquanto eu vejo amigos do crossfit e pessoas da minha cidade do interior", explica Aline, que gosta de comprar churrasquinho com batata frita. Já os filhos vão de pastel e o marido prefere chope. 
Na sexta-feira, uma praça no Bairro Gutierrez atrai a clientela que gosta dos food trucks. Tiago Lisboa, que lidera o Du Cheff, começou a levar seu pequeno veículo ao local há cinco meses. Há 9 anos com o truck, ele vende pão com pernil, espetinho e macarrão na chapa. Notou melhora do movimento após a pandemia, mas diz que nem se compara ao que era quando começou no ramo. 
CRISE NO SETOR 
 
Certa decepção já havia sido lamentada por empresários do ramo em anos anteriores. Em 2016, eles já pontuavam sobre crise econômica e concorrência.
Os food trucks chegaram ao Brasil no final de 2014, influenciados por um estilo vindo dos Estados Unidos. Na capital mineira, o comércio ainda era proibido pelo poder público, mas logo o movimento se expandiu por vários pontos de BH. O alto fluxo de veículos foi tal que, em 2016, o Estado de Minas já acompanhava a situação de crise e concorrência levando prejuízos aos empresários. 
Um dos que desistiram foi Darmon Peixoto, que vendeu o veículo e aproveitou o dinheiro para quitar dívidas e conter gastos. "Paguei quase R$ 70 mil no carro financiado, em 2018. Acabei vendendo em 2022 porque o movimento caiu, estava com alto custo para manter. Então, vendi para concluir o último ano de faculdade", relembra. 
DIVERGÊNCIAS COM A PREFEITURA
Vários proprietários de food trucks alegam que a Prefeitura de Belo Horizonte não abre licitação para conceder autorizações de trabalho há pelo menos sete anos. Sem as licenças de funcionamento, os carros estão sujeitos a multas que podem chegar a R$ 3 mil. 
Questionada, a PBH informou que a atividade faz parte do programa Jornada Produtiva, cujo edital mais recente foi publicado em 2019 com 250 vagas disponíveis, das quais 96 licenças estão válidas atualmente.
Há divergências nas alegações, pois os donos de food trucks afirmam que as licenças liberadas em 2019 não incluem o comércio de comida em veículos sobre rodas. 
ENDEREÇOS
 
Quarta-feira: Praça Manoel de Barros, no Bairro Castelo, Regional Pampulha
Quinta-feira: Praça Guimarães Rosa, no Bairro Cidade Nova, Regional Nordeste
Sexta-feira: Praça Leonardo Gutierrez, no Bairro Gutierrez, Regional Oeste

FONTE: Estado de Minas

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