Reunião em Paris tem ‘consenso’ para reformar o sistema financiero

23 jun 2023
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A reunião sobre o clima organizada em Paris terminou nesta sexta-feira (23) com um "consenso completo" para "reformar de maneira profunda" o sistema financeiro mundial, mas sem a aguardada revolução para atender plenamente a luta contra o aquecimento global sem comprometer a redução da pobreza.

Ao final de dois dias de debates na presença de quase 40 chefes de Estado e de Governo, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o francês Emmanuel Macron celebrou um "consenso completo" para tornar o sistema financeiro mundial "mais eficaz e mais equitativo".

Além do discurso, no entanto, os poucos resultados concretos do evento organizado na antiga sede da Bolsa de Paris, o Palácio de Brongniart, vieram em particular de grupos de países.

Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha e Barbados, entre outras nações, estabeleceram um acordo com o Banco Mundial (BM) e outros organismos para criar um sistema que suspende o pagamento da dívida em caso de catástrofes naturais.

Esta era uma das reivindicações da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que, em uma entrevista à AFP na quinta-feira, elogiou que todos aceitassem o princípio e pediu um "trabalho conjunto porque existe apenas este planeta para viver".

Entre os avanços citados por Macron está um acordo de vários países credores para reestruturar a dívida de Zâmbia ou o objetivo alcançado de redistribuir 100 bilhões de dólares de direitos especiais de saque aos países pobres, algo prometido em 2021.

E ele destacou que a promessa anunciada em 2009 de liberar outros 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020 para ajudar os países pobres a enfrentar a mudança climática será cumprida este ano, também com atraso.

A rede de ONGs 'Climate Action Network' (CAN), no entanto, criticou a reunião de cúpula por "fazer algo novo de algo velho" e lamentou a ideia de uma possível suspensão de pagamentos "em vez do cancelamento total da dívida".

- Lula e a "piada" do clima -

A reunião aconteceu sob pressão da sociedade civil, em particular de jovens ativistas ecologistas, incluindo a sueca Greta Thunberg, que protestaram nesta sexta-feira na Praça da República de Paris para exigir "finanças verdes".

Anne Cormille, 22 anos, lamentou que o encontro de Paris "nem sequer tenha falado sobre interromper o financiamento dos combustíveis fósseis", apesar de ser uma fonte dos problemas climáticos.

"A questão climática virou uma piada", disse o presidente Lula durante a reunião, ao denunciar a falta de uma "governança mundial" para cumprir os acordos sobre o clima.

Os países do Sul defendem a necessidade de modernizar o papel das instituições multilaterais, como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), para que sejam plenamente orientadas à luta contra a mudança climática, o combate contra a pobreza, o desenvolvimento humano e a proteção da biodiversidade.

Mas a confiança é reduzida entre os países mais vulneráveis, reunidos no grupo V20 (composto por 58 países), após uma série de promessas não cumpridas por parte das nações mais desenvolvidas.

"A crise climática implica um grande plano Marshall global de investimentos", baseado na taxação das transações financeiras e em "trocar dívida por ação climáticas", afirmou o presidente colombiano, Gustavo Petro, na quinta-feira.

Macron, no entanto, não citou o imposto sobre as transações financeiras em sua lista de avanços registrados no encontro de cúpula, nem as tarifas sobre as emissões de carbono do transporte marítimo que a França pretendia estimular.

- Tensão com o Mercosul -

O evento em Paris também foi marcado por vários encontros bilaterais.

Lula teve um almoço de trabalho nesta sexta-feira com Macron no Palácio do Eliseu para conversar sobre a ratificação do acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai).

Em um fórum de líderes antes do fim da reunião de cúpula de Paris, Lula elevou o tom diante de Macron ao criticar as exigências ambientais adicionais apresentadas pela UE ao Mercosul em março.

"Não é possível ter uma associação estratégica e ter uma carta adicional, ameaçando um parceiro estratégico", disse Lula.

O presidente brasileiro afirmou que as medidas citadas na carta impedem a ratificação, que a Comissão Europeia deseja concretizar até o fim do ano. Macron é pressionado pelo setor agropecuário francês para vetar a aliança com o Mercosul.


FONTE: Estado de Minas


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