Biomédica dizia ‘aguenta’ para pacientes que sentiam dor durante procedimentos feitos apenas com anestésico local, diz polícia

25 out 2023
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Segundo a Polícia Civil, Lorena Marcondes usava como anestésico lidocaína, e em alguns dos casos os pacientes acordavam durante o procedimento e queixava dor excessiva. Biomédica Lorena Marcondes

Reprodução/Instagram

A biomédica Lorena Marcondes, indiciada pela morte de Íris Martins, dizia "aguenta" para pacientes que sentiam dor durante procedimentos invasivos feitos apenas com anestésico local, segundo informou o delegado Marcelo Nunes durante coletiva de imprensa na terça-feira (24).

Lorena foi indiciada por homicídio doloso qualificado pelo motivo torpe e pela traição com dolo eventual pela morte de Íris Martins após uma lipoaspiração feita em 8 de maio deste ano.

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Nunes explicou que a biomédica usava lidocaína, uma substância ativa de anestésico local e inadequada para os tipos de procedimentos invasivos que a profissional realizava.

"Há relatos de pacientes que falaram que não estavam suportando a dor e acordavam durante o procedimento. Em conversa com o médico, uma cirurgia desse tamanho é só através de ‘rack’ ou anestesia geral, porque lidocaína não consegue anestesiar, a pessoa vai morrer de dor.

"São vários relatos que temos de pacientes que falavam que estavam sentindo dor e ela falava ‘aguenta’. Olha o absurdo", destacou Nunes.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a lipoaspiração é realizada através de pequenas incisões, imperceptíveis. Durante o procedimento, medicamentos são administrados para o conforto do paciente. As opções incluem sedação intravenosa ou anestesia geral.

Além do caso de Íris, a polícia disse que investiga outras situações envolvendo a atuação da biomédica.

"Cada vítima um inquérito, porque só o processo da Íris foram mais de 20 pericias, diversas pessoas ouvidas, então para evitar o atraso desse caso separamos a investigação por vítimas", concluiu.

Ao g1, advogado de defesa de Lorena Marcondes, Tiago Lenoir, alegou que os procedimentos estéticos não são invasivos, porém, também não são indolores. Alguns de fato geram dores locais devido às técnicas utilizadas que são autorizadas pelo conselho de biomedicina.

"Ao invés de buscar supostos pacientes que se queixaram de dores, naturais dos procedimentos estéticos, vários que inclusive possuem desacordo comercial com a Clínica da Lorena, possuímos relatos de inúmeras pacientes que a Lorena atendeu que estão extremamente satisfeitas com seu trabalho", acrescentou.

A defesa ainda reforçou que Lorena, ao longo de 12 anos de profissão, nunca respondeu a nenhuma ação penal ou inquérito policial.

Irregularidades encontradas no consultório da biomédica

Não foi encontrado no consultório da biomédica a documentação específica para a realização do procedimento em que Íris estava sendo submetida.

A perita Paula Lamounier contou que, na clínica, abaixo de uma maca, dentro de um balde, havia diversos itens que não estavam claros se haviam sido utilizados no procedimento.

Os materiais foram recolhidos e após avaliação, foram detectados vestígios de sangue e fluídos corporais de Íris, comprovando que aqueles materiais haviam sido utilizados no procedimento.

Conforme o delegado Marcelo Nunes, a biomédica Lorena Marcondes agiu como se fossem dois médicos.

“Injetou quantidade absurda de anestésico que levou a intoxicação da paciente, agiu como se fosse anestesista. Fez incisões profundas que causaram gravíssima hemorragia. Não é qualquer médico que faz esse tipo de procedimento. Tamanha foi a agressão que ela sofreu que veio a óbito”.

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Imagens mostram chegada de Íris Martins e movimentação na clínica de Lorena Marcondes

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FONTE: G1 Globo


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