Entenda como paraguaios eram cooptados por quadrilha brasileira para trabalhar em condições análogas à escravidão na fabricação de cigarros

14 nov 2023
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Trabalhadores eram levados de olhos vendados para uma fábrica clandestina de cigarros em Divinópolis. Todo o esquema era comandando por um empresário de Barueri (SP), que foi preso. Operação combate fábricas clandestinas de cigarros em MG, SP, PA, BA e AM

A quadrilha alvo da operação "Illusio", nesta terça-feira (14), aliciava paraguaios para trabalhar em condições análogas à escravidão em fábricas clandestinas no Brasil, segundo a Polícia Federal (PF). Todo o esquema era comandando por um empresário de Barueri (SP) – que foi preso –, com auxílio de pessoas e empresários residentes no Centro-Oeste de Minas.

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Até o momento, 14 paraguaios em condições análogas de escravidão foram resgatados em Divinópolis e outros 14 em uma fábrica em Nova Lima.

O delegado-chefe da PF em Divinópolis, Daniel Souza Silva, explicou que esse tipo de aliciamento ocorre porque os paraguaios já tinham costume de trabalhar na indústria de tabacos, ou seja, têm conhecimento técnico.

"Acaba que eles sabem que vão trabalhar em fábricas clandestinas, mas, na maioria das vezes, quando chegam aqui, eles se deparam com a real situação que vão trabalhar", disse.

Após serem convidados para trabalhar nas fábricas, eles chegam Brasil e são recepcionados pelo responsável da fábrica em alguns pontos como o Brás, em São Paulo – totalizando um percurso de mais de 500 km até chegar a Divinópolis.

"Eles são colocados em vans de cargas para camuflar o transporte de pessoas. Eles vêm de olhos vendados, não sabem para onde estão indo. Quando chegam às fábricas, eles ficam sem celulares e eles passam todo o tempo de trabalho, cerca de 30 a 50 dias fechados, trabalhando ininterruptamente, sem sair, sem comunicação".

Ainda conforme o delegado, o galpão onde eles estavam em Divinópolis era vigiado há pelo menos seis meses. Durante este tempo, a polícia notou que nenhum dos trabalhadores saía da fábrica. Eles eram mantidos dentro do galpão, onde existia um alojamento precário.

"Ficavam confinados, trabalhando dia e noite sem parar. Sem contato com família, sem nada. Uma condição bem degradante", completou Silva.

A operação

A operação "Illusio" foi deflagrada nesta terça-feira para desarticular a quadrilha que mantinha trabalhadores paraguaios em situação análoga à escravidão em fábricas clandestinas de cigarros.

Diversos mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos em Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pará e Amazonas contra pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema. Trabalhadores paraguaios foram resgatados, mas o número não foi divulgado. Dos 24 mandados de prisão, 16 pessoas foram presas.

Também houve três prisões em flagrante (duas por trabalho escravo e uma por porte de arma), além do cumprimento de 35 mandados de busca e apreensão em residências, galpões e empresas em:

Manaus (AM)

Capim Grosso (BA)

Belo Horizonte (MG)

Divinópolis (MG)

Itaúna (MG)

Nova Lima (MG)

Nova Serrana (MG)

Pará de Minas (MG)

Pitangui (MG)

São Gonçalo do Pará (MG)

Barueri (SP)

Carapicuíba (SP)

Indaiatuba (SP)

Osasco (SP)

Santana de Parnaíba (SP)

São Caetano do Sul (SP)

São Paulo (SP)

Taiúva (SP)

Nova Ipixuna (PA)

Também foi cumprida uma medida de sequestro de bens e valores, contra 38 pessoas físicas e 28 pessoas jurídicas, num total de R$ 20 milhões.

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Operação Illusio

Receita Federal/Divulgação

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FONTE: G1 Globo


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