Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira pode fechar as portas por falta de dinheiro em São Sebastião do Paraíso, MG

04 ago 2023
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A administração da instituição emitiu um ofício aos órgãos de saúde e afirmou que está em estado de falência. Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira pode fechar as portas por falta de dinheiro

O Gedor Silveira, um dos maiores hospitais psiquiátricos de Minas Gerais e que atende pacientes de todo o Sul de Minas, pode fechar as portas por falta de dinheiro em São Sebastião do Paraíso (MG).

A administração da instituição emitiu um ofício aos órgãos de saúde e afirmou que está em estado de falência. São mais de 60 anos de atendimentos que podem estar perto do fim.

Os problemas na Fundação Gedor Silveira se arrastam há mais de 1 ano. Manter a instituição em funcionamento tem sido um desafio para a administração.

"A gente segue com esse baixo financiamento do SUS e faz com que a gente fecha mensalmente com um déficit de R$ 300 mil negativos e que é uma dívida que vai se acumulando e sem perspectiva de nenhum ente público nos ajudar a sair dessa situação. Sim (corre o risco de fechar as portas), obviamente conforme as dívidas vão aumentando, a iminência disso acontecer é muito grande", disse o superintendente do Gedor Silveira, Jean Marco do Patrocínio.

Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira pode fechar as portas por falta de dinheiro em São Sebastião do Paraíso

Reprodução EPTV

A preocupação aumenta porque, se a instituição for fechada, 130 pacientes que hoje estão internados no local não têm pra onde ir. O Gedor Silveira é especializado em saúde mental e dependência química. Ele é referência para 158 cidades do Sul de Minas.

Entre os municípios com a maior quantidade de pacientes internados no hospital, de janeiro a junho deste ano, está São Lourenço, com 67 pacientes, sendo 44 de Monte Santo de Minas, 33 de Cássia e Passos, 31 de Andradas e Lavras e 30 de Guaxupé e Três Corações.

"O repasse é feito através do atendimento SUS, a gente recebe uma diária de valor médio entre R$ 60 e R$ 90 e isso fica muito aquém daquilo que a gente oferece ou tem como obrigatoriedade de fornecer para o paciente. Então em média nosso paciente vai custar de R$ 180 a R$ 200, depende do tipo de tratamento e das medicações obviamente e com um financiamento baixíssimo", disse o superintendente do hospital.

O hospital psiquiátrico oferece cuidados médicos e psicológicos, além de atividades que ajudam na recuperação e na ressocialização dos pacientes, como aulas de dança, academia e cuidados com a horta.

"Aqui é um centro de reabilitação que eles vêm, eles estão medicados, então sob supervisão o tempo todo, aqui nós temos médicos 24 horas para qualquer intercorrência que aconteça, a gente está pronto para atender e caso tenha alguma complicação mais grave, eles são transferidos para a Santa Casa", explicou a psiquiatra Thaiana Mansur Mendonça.

Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira pode fechar as portas por falta de dinheiro em São Sebastião do Paraíso

Reprodução EPTV

O prefeito de São Sebastião do Paraíso afirmou que mesmo tendo apenas dois pacientes internados hoje no hospital, o município é o único que ajuda a instituição pública com repasses financeiros.

"Nós pagamos na forma de incentivo para o hospital R$ 125 mil mês para manter praticamente uma média de dois, três pacientes por mês. Além desse incentivo, nós estamos cumprindo a portaria de pagar os valores das tabelas cheias para o hospital e também o teto de PPI", disse o prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo Moraes.

Em 2016, um déficit financeiro também fez o Hospital Psiquiátrico Otto Krakauer, em Passos (MG), suspender novas internações. Os pacientes, na época, receberam alta. Dois anos depois, a unidade foi fechada.

"A saída não está difícil de acontecer, mas os municípios têm que ajudar, os municípios têm que se mobilizar, eu já levei tudo isso inclusive como secretário de Saúde, que eu respondo pela pasta nas regionais de saúde, já levei tudo pontuado, o que cada cidade tem de paciente aqui internado. O déficit final de R$ 3,6 milhões ao final de um ano, com uma estrutura que todo mundo conhece, todo mundo pede para ter, só que ninguém está conseguindo reverter isso em ajuda para o hospital", disse o prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo Moraes (Podemos).

"E infelizmente quando a direção anuncia que vai fazer o fechamento do hospital, a minha pergunta é, pra onde vão os pacientes? qual vai ser o custo que os municípios vão ter para custear esses pacientes? Por exemplo, tem 10 pacientes de São Lourenço, eu vou mandar esse paciente pra onde? Eu tenho pacientes hoje no Gedor Silveira que nem a família quer, ele está de alta e a família não quer o paciente de volta, o hospital vai fazer o quê?"

A psiquiatra do hospital diz que ter dois hospitais psiquiátricos fechados em um curto espaço de tempo é um problema grave.

"Em casa eles não vão acatar a medicação, eles não têm o acompanhamento psicológico, não têm o suporte todo psicológico que tem aqui também, a gente tem em torno de 130 pacientes, além deles a gente tem que pensar em toda família, que são em média cinco ou seis pessoas por família, que são todas famílias impactadas com o fechamento do hospital", concluiu.

O que dizem as autoridades

A EPTV Sul de Minas, Afiliada Rede Globo, entrou em contato com a Prefeitura de São Lourenço sobre a situação apontada pelo prefeito de São Sebastião do Paraíso.

Por nota, eles informaram que encaminham os pacientes para tratamento no Gedor Silveira de acordo com as determinações da Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela Rede Assistencial de Saúde Mental.

E ainda que nunca foi informada sobre quaisquer dificuldades do hospital psiquiátrico ou da Prefeitura de São Sebastião do Paraíso.

Ainda sobre os repasses feitos ao hospital, a EPTV procurou pela SES-MG e pelo Ministério da Saúde, mas até o momento não teve retorno.

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FONTE: G1 Globo


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