Morre, aos 81 anos, o cineasta montes-clarense Carlos Alberto Prates Correia; relembre a trajetória

29 maio 2023
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Cineasta se consolidou na carreira no Rio de Janeiro, onde ganhou renome nacional. Entre os filmes de maior projeção, estão Cabaret Mineiro, Noites do Sertão e Minas Texas. Cineasta Carlos Alberto Prates morreu no Rio de Janeiro

Divulgação

O cineasta montes-clarense, Carlos Alberto Prates Correia, morreu aos 81 anos no Rio de Janeiro.

Prates sofreu uma parada cardíaca no sábado (27). O corpo dele será velado e cremado no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (29).

O cineasta nasceu em Montes Claros em setembro de 1941, onde viveu a infância e alguns anos da juventude. Depois se mudou para Belo Horizonte e ajudou a fundar o Centro Mineiro de Cinema Experimental. Posteriormente, foi para o Rio de Janeiro, onde consolidou a carreira e ganhou renome nacional.

Em mais de 50 anos de trabalho, recebeu vários prêmios no Festival de Gramado. Entre os filmes de maior projeção, estão Cabaret Mineiro, Noites do Sertão e Minas Texas. (Veja abaixo a cronologia)

“Esses são os três filmes dele que compõem o que alguns críticos chamam de teologia sertaneja. O Cabaret Mineiro é uma fábula em que o personagem principal passeia pelo interior de Minas Gerais, especialmente através do trem do Sertão que fazia a conexão de Belo Horizonte até a Bahia, passando pelo Norte de Minas. Noites do Sertão é a adaptação de um conto de Guimarães Rosa, considerado uma das melhores adaptações do escritor para o cinema. O Minas Texas é um bang, bang filmado no Norte de Minas, na região de Januária. É uma homenagem ao cinema que o Carlos Alberto tanto amava”, descreveu o jornalista montes-clarense, Elpídio Rocha, em entrevista ao g1.

Apaixonado pela sétima arte, Elpídio é um dos fundadores do Projeto Cinema Comentado Cineclube, criado em 2003 em Montes Claros, com a intenção de valorizar o cinema brasileiro através da exibição de filmes diferentes dos comerciais. Para ele, a morte do cineasta Carlos Alberto Prates representa uma grande perda.

“Ele é figuramente um dos grandes nomes do cinema brasileiro, ele é muito importante para o cinema mineiro e para Montes Claros, porque é natural daqui. É uma perda lamentável, quando uma figura igual essa se vai, a gente sempre tem aquela sensação de que houve uma perda”.

História do cineasta

A história do cineasta ganhou destaque em uma dissertação de mestrado da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em 2014. O trabalho de pesquisa foi realizado pelo norte-mineiro Fernando Rodrigues Oliveira, um dos fundadores do Projeto Cinema Comentado.

“Carlos Alberto Prates Correia é um dos mais premiados cineastas brasileiros. Nascido em Montes Claros, alcançou renome internacional com uma obra extremamente original, transformando reminiscências da infância e da cultura norte-mineira em roteiros e tramas autorais. Sempre ousado, trazia temas polêmicos, brincava com a própria subversão da linguagem cinematográfica e não tinha a preocupação de agradar a quem quer que fosse. Este foi Carlos Alberto Prates Correia, ou apenas Carlos Prates, como gostava de ser chamado ultimamente, 'para gastar menos tinta' com um nome tão grande”, contou Fernando ao relembrar a trajetória do cineasta.

Veja os trabalhos do cineasta, descritos na dissertação:

Em 1965, integrou a equipe de produção do cineasta carioca Joaquim Pedro de Andrade, que veio a Minas Gerais para filmar O Padre e a Moça.

No mesmo ano, estreou na direção com o curta-metragem O Milagre de Lourdes

Em 1968, dirigiu o média-metragem Guilherme

Em 1969, atuou como assistente de direção de Joaquim Pedro de Andrade nas filmagens de Macunaíma

Em 1970, dirigiu o primeiro longa-metragem Crioulo Doido

Em 1972, atuou como produtor dos filmes Os Inconfidentes e Quando o Carnaval Chegar

Em 1973, foi produtor dos filmes Vai Trabalhar e Vagabundo. No ano seguinte, produziu Guerra Conjugal

Em 1976, dirigiu o filme Perdida

Entre 1977 e 1978, foi produtor do filme Ajuricaba e Se Segura, Malandro. No ano seguinte, dirigiu o curta-metragem Bem Atrás da Câmara

Em 1979, dirigiu o longa Cabaret Mineiro, inspirado no poema de Carlos Drummond de Andrade. O filme ganhou vários prêmios, entre eles, o Festival de Cinema de Gramado e Festival de Cinema de Brasília

Em 1983, dirigiu e fez o roteiro do longa-metragem Noites do Sertão, vencedor de 23 prêmios no Brasil e no exterior.

Em 1989, foi lançado Minas Texas, produzido, roteirizado e dirigido por Prates

Prates se ausenta do cenário cinematográfico por 18 anos e retorna em 2007, com o documentário Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais

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FONTE: G1 Globo


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