Professora investigada por falas racistas em aula retorna à escola em Muzambinho, MG

15 set 2023
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Alunos têm se recusado a entrar em sala durante as aulas da profissional. Retorno da professora aconteceu antes da conclusão do inquérito da Polícia Civil. Professora investigada por falas racistas em aula retorna à escola em Muzambinho

A professora investigada por falas preconceituosas e racistas durante aulas na Escola Estadual Professor Salatiel de Almeida, em Muzambinho (MG), voltou a trabalhar na instituição esta semana. Desde então, muitos alunos se recusam a entrar nas aulas da professora.

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Por se recusarem a entrar na sala de aula, estes estudantes precisam assinar uma lista declarando que a ausência implicará na frequência.

A volta da professora antes da conclusão do inquérito deixou alunos e pais de estudantes indignados na cidade.

“Me sinto indignada, porque onde está a Justiça, onde está a lei. O que é que vai precisar acontecer na escola para que essa pessoa esteja afastada. Quantas aulas os alunos vão ter que perder para que alguma coisa seja feita?”, disse a assistente administrativo Maisa Cristina de Andrade, que é mãe de um estudante.

“Sinto um sentimento de impunidade. Por que isso acontece há tantos anos? Há relatos de anos atrás, de pessoas que foram alunos dela e sofreram a mesma coisa, mas acham isso normal, pois é um racismo estrutural. Estamos em 2023, não é possível que não evoluímos”, falou a costureira Amanda Aparecida Cesário Silva, também mãe de um aluno.

Professora investigada por falas racistas em aula retorna à escola em Muzambinho, MG

Reprodução/EPTV

Segundo os alunos, essa situação acontece há um bom tempo. Em uma delas, eles gravaram as falas da professora durante uma aula da disciplina de "Humanidades". No áudio, ela fala de cor, raça, pessoas obesas e até deficientes.

"Hoje é muito modinha falar de racismo.. porque o prefeito feio, "entre aspas", vamos colocar assim? Não! Porque tudo que é bonito é exaltado. Cé tá entendendo? Tudo o que é bonito é exaltado", diz a professora.

E ela continua:

"Se fosse... A gente acha que é preconceito, por exemplo, gordo: gordura é feio. Tem pessoas mulatas que são bonitas, tem uns negros muito bonitos, mas você vai ver os 'traço' não ajuda, o cabelo não ajuda, entendeu? Então assim... 'cê' tem isso daí.. o deficiente, a pessoa que é deficiente, é bonito cê ver uma pessoa deficiente?", disse no trecho que circula nas redes sociais.

Investigação do caso

O delegado Adnan Cassioano Grava, responsável pelas investigações, informou que até o momento já foram ouvidas 14 pessoas. Nesta sexta-feira (15), segundo ele, estão previstos depoimentos do diretor da escola e da própria professora.

A Secretaria de Estado de Educação informou que a Superintendência Regional de Educação de Poços de Caldas esteve em Muzambinho e elaborou um relatório de inspeção. O documento foi encaminhado para o Núcleo Correição Administrativo, em Belo Horizonte, que vai investigar a conduta da professora.

A secretaria disse, ainda, que a professora estava afastada, mas por licença médica e não por conta das denúncias. O órgão falou que ela retornou até que seja concluída a análise disciplinar.

A secretaria reforçou que não compactua com possíveis ilícitos e que práticas discriminatórias são atitudes graves que violam os direitos humanos, a constituição e outras leis que tratam do respeito ao outro e a igualdade entre todos.

A polícia disse que o relatório deve ficar pronto na próxima semana.

A EPTV, afiliada TV Globo, não conseguiu contato com a professora para que ela se manifestasse sobre o caso.

Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas


FONTE: G1 Globo


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