Saiba quem é a pesquisadora da UFLA que ganhou R$ 161 mil no ‘The Wall’, no Domingão com Huck

08 ago 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Além dela, o professor orientador de Lavras (MG) embarcou na aventura pelo prêmio. Eles precisavam de R$ 60 mil para apresentar uma pesquisa sobre o baru, um fruto regional mineiro, em um evento na França. Parte da ciência que move o mundo todos os dias, as pesquisas científicas têm levado cada vez mais longe histórias inspiradoras de brasileiros. Exemplo disso, é o caso de uma pesquisadora e um professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) que ganharam R$ 161 mil no ‘The Wall’, um quadro do Domingão com Huck. O programa foi ao ar no domingo (6).

Aliando ciência à promoção da cultura local, Gracieli de Miranda Monteiro de 38 anos sonhava em conquistar R$ 60 mil. O motivo era o convite recebido para apresentar uma pesquisa acadêmica desenvolvida sobre o "baru" – um fruto regional mineiro – em um evento na França. (Leia mais abaixo)

Pesquisadora e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) levam R$ 161 mil no quadro 'The Wall' no Domingão com Huck

Reprodução / Instagram

“Assim que meu artigo foi aceito, e as instituições da quais sou vinculada não poderiam me auxiliar com a viagem, não pensei duas vezes e contei a história [para o programa]”, disse Gracieli ao g1.

Além dela, o pesquisador e professor titular da UFLA, Eduardo Valério de Barros Vilas Boas, 54 anos, também embarcou na aventura. Para ele, que orienta a pesquisa, a participação no quadro proporcionou uma oportunidade única de divulgar o trabalho desenvolvido na universidade pública.

A vida até o baru

Antes de conhecer o baru, chegar no quadro ‘The Wall’ e levar para casa mais de R$ 100 mil, Gracieli enfrentou alguns desafios até se encontrar, de fato, com a ciência. Nascida no interior do Mato Grosso do Sul, morou em estados como o Rio de Janeiro e Mato Grosso até chegar em Minas Gerais.

“Sempre tive sonho de cursar uma faculdade, mas na época, ou por desconhecimento dos meus pais, eu achava que não era possível acessar uma universidade pública”, conta.

Saiba quem é a pesquisadora da UFLA que ganhou R$ 161 mil no quadro do Luciano Huck

Arquivo Pessoal / Gracieli Monteiro

Com bolsa integral, cursou nutrição na Universidade Adventista de Ensino (UNASP), passou em um concurso para uma vaga de nutricionista e, mais tarde, fez sua primeira especialização na Universidade Federal de Lavras (UFLA), no Sul de Minas.

O interesse pelo fruto baru começou em 2016, quando Graciele ingressou no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, no Campus Arinos. Após o fim de um relacionamento, ela encarou o mestrado como uma "forma de superação" e foi na cidade mineira que a pesquisadora teve sua “mudança de vida”.

“Lá conheço meu marido e o baru [fruto]. E o amor à ciência começa me movimentar novamente”.

Pesquisa sobre o baru

O baru é um fruto do Cerrado ainda pouco conhecido nacional e internacionalmente.

“Embora pouco conhecido, a castanha [do baru] tem alto valor comercial, superando, em cifras, as famosas castanhas do Brasil (também conhecida como castanha do Pará) e de caju”.

Cursando doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás (UFG), a pesquisadora começou a estudar o reaproveitamento da polpa e endocarpo do baru para aplicação tecnológica na área de alimentos.

A orientação do projeto é feita pelo professor Eduardo Vilas Boas, que trabalha no ensino, pesquisa e extensão na UFLA, no Sul de Minas. Segundo o mestre e doutor em Ciência dos Alimentos, após a extração da castanha do baru, a camada externa que a reveste e protege é descartada, causando impactos ambientais.

Baru, fruto do Cerrado mineiro

Arquivo Pessoal / Gracieli Monteiro

O objetivo do estudo é fazer a avaliação da composição físico-química e a caracterização do potencial tecnológico dos resíduos do baru, bem como desenvolver um filme biodegradável para fins alimentícios.

“Nossos estudos comprovam que a casca e polpa do baru, que compõe a camada externa, tem alto potencial nutricional, funcional e sensorial, sendo passível de aproveitamento, em especial, na indústria de alimentos”, completa o professor Vilas Boas.

Saiba quem é a pesquisadora da UFLA que ganhou R$ 161 mil no quadro do Luciano Huck

Arquivo Pessoal

O professor Eduardo ressalta que os pesquisadores também estão desenvolvendo um filme biodegradável com a casca do baru que pode ser usado para fabricar embalagens ecológicas e mais eficientes na conservação de alimento.

O filme se degradaria em torno de algumas semanas, diferente do plástico à base de petróleo, normalmente usado, que permanece por centenas de anos na natureza.

Participação no programa

Gracieli e Eduardo participaram do quadro ‘The Wall’ do Domingão com Huck, da Rede Globo. O programa foi exibido no domingo (6). No quadro, a dupla encarou uma imensa parede e precisava responder perguntas, além de outras dinâmicas, para saírem com um valor em dinheiro ao final.

"Fã de carteirinha de Huck", a pesquisadora acompanha o apresentador há anos e conta que já se inscreveu para outros quadros da programação.

“Sempre tive vontade de participar dos programas. Me inscrevi no quadro quem quer ser o milionário, passei nas primeiras fases, mas não fui selecionada ao final”.

Pesquisadora e professor da UFLA ganham R$ 161 mil em quadro do Luciano Huck

Reprodução / Globoplay

Segundo Gracieli, a ideia de levar o baru para o programa foi “amor à primeira vista”. Ela conta que Luciano Huck havia visitado Sagarana, distrito de Arinos, no interior de Minas Gerais, e ganhou uma muda do baru. “Ele é apaixonado pelo fruto”, completou.

O objetivo era conquistar R$ 60 mil para ajudar nos custos com a apresentação da pesquisa na França. Durante os desafios, e com o decorrer da prova, ambos conquistaram e perderam quantias. Ao final do quadro, eles receberam um total de R$ 161.178.

Pesquisas e futuro

Graciele explica que o dinheiro conquistado será utilizado para levar a pesquisa para diversos cantos do mundo. Os planos de irem para a França precisaram ser reformulados, mas os sonhos continuam vivos.

“Temos outros convites, e vamos analisar qual evento se enquadrará melhor dentro dos meus prazos com doutorado. Participar de um evento internacional abre espaços para o networking e possíveis parcerias futuras e projetos”, finaliza a pesquisadora.

“A participação no The Wall nos propiciou uma oportunidade única de divulgar o trabalho que desenvolvemos. [...] De fato, a universidade desempenha um importante papel na geração de conhecimentos, que garantem a saúde e qualidade de vida da população. As universidades públicas, como a UFLA, constituem-se nos principais pilares para geração de conhecimentos e formação de pesquisadores no Brasil”, completa professor Eduardo.

Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas


FONTE: G1 Globo


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO