Duo de Maria Rita com Elis Regina soa artificial e atenta contra o sentido da música de Belchior

04 jul 2023
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♪ ANÁLISE – Cantora morta há 41 anos, Elis Regina (17 de março de 1945 – 19 de janeiro de 1982) é uma das saudades mais doídas do Brasil que cresceu ao som da MPB. Filha de Elis, Maria Rita entrou em cena como cantora em 2002 – exatas duas décadas após a precoce saída de cena da mãe – e explodiu em 2003, atiçando essa saudade até romper o cordão umbilical artístico a partir do álbum Samba meu (2007).

Por tudo isso, o dueto virtual de mãe e filha em comercial de marca de carro – veiculado a partir de hoje, 4 de julho – mexeu com os seguidores das duas cantoras. Promovido através de tecnologia de inteligência artificial, o encontro de Elis com Maria Rita resulta artificial como a ferramenta que as uniu. Falta emoção.

Além do mais, a escolha da música – Como nossos pais, um dos maiores sucessos do cantor e compositor Belchior (1946 – 2017) – resulta equivocada.

Apresentada por Elis em novembro de 1975 na estreia do show Falso brilhante e gravada pela cantora no homônimo álbum feito em estúdio em 1976 com parte do repertório do show, Como nossos pais é canção em que Belchior fez desiludido balanço geracional, inventariando o pouco – ou nada – que sobrara do sonho e da ideologia humanista dos anos 1960.

Juntar as vozes de Elis e Maria Rita para reapresentar Como nossos pais como canção festiva, como a trilha de encontro de gerações, é atentar contra o sentido original da letra de Belchior.

Enfim, tudo soa artificial como a inteligência que gerou o encontro das grandes cantoras na propaganda.


FONTE: G1 Globo


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