Em turnê com ‘antigas’, Sorriso Maroto projeta 2024 e fala sobre fama de mexer com corações das pessoas: ‘O povo gosta de sofrer’

27 dez 2023
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Em entrevista ao g1 antes de show em Sorocaba (SP), o grupo falou sobre as expectativas para o ano que vem, o momento que o pagode vive no Brasil e as clássicas letras que abordam desilusões amorosas. Bruno Cardoso, vocalista do Sorriso Maroto, durante show em Sorocaba (SP)

Divulgação

Se existe alguma certeza na vida é a de que todo pagodeiro que foi adolescente nos anos 2000 já sofreu por amor ouvindo pelo menos uma música do Sorriso Maroto. Prova disso é que, mais de 25 anos após a formação do grupo, o quinteto carioca continua machucando os corações das pessoas - agora com a turnê "As Antigas".

Em entrevista ao g1 antes de um show em Sorocaba (SP), no sábado (23), os músicos falaram sobre as expectativas para 2024, sobre o momento que o pagode vive no Brasil e sobre a fama de que gostam de brincar com os sentimentos das pessoas através das clássicas letras que abordam desilusões amorosas.

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🎵 Só as antigas

"Futuro Prometido", "Ainda Gosto de Você", "Já Era", "Amanhã", "Ainda Existe Amor em Nós", "Fica Combinado Assim"... A lista é tão pesada quanto a carga emocional, né? E olha que essas são apenas algumas das músicas sobre términos de relacionamentos que compõem a turnê "As Antigas" do Sorriso Maroto.

O projeto, que teve início em novembro de 2022, homenageia os 26 anos de carreira do grupo, passando por músicas que marcaram os fãs desde o primeiro disco, lançado em 1999. Embora tenha começado "pequena", a turnê fechou 2023 com uma média de público de 45 mil pessoas por show, o que surpreendeu até mesmo os integrantes da banda.

Sorriso Maroto se apresentou em Sorocaba (SP) no sábado (23)

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"Para a gente foi algo inusitado no sentido do tamanho que chegamos ao fim do circuito de um ano de turnê. A gente não tinha essas previsões de números. A gente começou a turnê para uma média de giro de público de 10 mil pessoas. O primeiro show foi legal, mas era um piloto, a gente queria sentir como seria, e surpreendeu. Ficamos nessas discussões internas de 'vamos tentar o segundo?'. E superou o primeiro, aí percebemos que estava acontecendo alguma coisa. Em seguida, decidimos fazer o terceiro e, depois, ir para o Brasil", explica o vocalista, Bruno Cardoso.

"Aí todo mundo começou a entender o evento, esgotando ingressos, e a gente também correndo atrás do resultado e tentando melhorar os nossos shows. A gente ficou com uma certa responsabilidade de entregar algo que, para nós, teria que ser muito espetacular, porque é um ano comemorativo da banda", continua.

No ano que vem, a turnê "As Antigas" deve continuar sendo o principal projeto do grupo. Inclusive, as datas e os locais da temporada 2024 já foram divulgados. Serão 17 shows, entre os dias 16 de março e 7 de dezembro (veja os detalhes abaixo).

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Em paralelo a isso, o Sorriso Maroto segue com o show da estrada e se prepara para uma tour na Europa, que passará por Lisboa e Porto, em Portugal; Genebra, na Suíça; e Dublin, na Irlanda, entre os dias 7 e 10 de março.

"O show da estrada é diferente do show das antigas, mas não deve muito dentro do musical, porque o 'Sorriso As Antigas' é o próprio Sorriso Maroto. Então, o que toca lá consequentemente toca aqui, mas a carga de show é menor [...] A gente está muito feliz, oxigenado e acreditando que vai viver um ano de 2024 ainda melhor."

Além de Bruno, o grupo é composto pelos percussionistas Cris Oliveira e Fred, pelo violonista Sérgio Jr e pelo tecladista Vinícius Augusto.

Turnê 'As Antigas' seguirá sendo o projeto principal do grupo em 2024

Reprodução/Instagram

💔 'Vocês estão preparados para sofrer?'

Mas será que, por trás das letras tristes e românticas, existe alguém que já teve o coração partido várias vezes? O "poeta" do grupo (segundo o próprio Bruno), Sérgio Jr, garante que sim, mas prefere não citar nenhum caso específico para "não se comprometer" (risos).

"Já passamos por algumas desilusões ao longo da nossa vida, né. Quem nunca? Agora, muitas das músicas do Sorriso a gente faz com histórias que a gente viveu ou histórias que a gente ouve ou que nos contam, que são repetidas", explica Sérgio.

"A música '1 metro e 65' eu fiz para a minha esposa. Ela que tem 1,65 metro. E coincidiu que o meu parceiro na música, o Thiago Silva, a esposa dele também tem 1,65. Então não deu briga para lado nenhum", brinca.

Sérgio Jr, violonista do Sorriso Maroto, escreveu a maioria das letras sobre desilusões amorosas

Reprodução/Instagram

Nos shows, as canções sobre decepções amorosas são precedidas pela icônica frase "vocês estão preparados para sofrer?". Segundo o vocalista, a brincadeira foi criada justamente porque "as pessoas são apaixonadas por sofrer".

"Eu tenho uma máxima, que eu tirei da minha cabeça e que resume muito o sentimento que a gente vê no palco: o povo gosta de sofrer, tá? Não tem nada a ver com a gente não. Quando a gente fala assim: 'vocês querem sofrer ou querem pular?'. Todo mundo grita: 'quero sofrer'. Não é possível... As pessoas querem ir para o show para sofrer. Elas precisam cantar seus males, suas dores. É muito legal isso daí", relata Bruno.

Autor da maioria das letras que mexem com os corações dos fãs, Sérgio acredita que o sucesso deste tipo de música se deve ao fato de que remetem a momentos marcantes das vidas das pessoas.

"A dor já está marcando a pessoa, e, quando uma música vem e sela isso, eu acho que esse movimento fica maior. Então, eu acho que é por isso que cada pessoa se identifica com uma música, porque volta para um momento ou feliz ou triste. Como as músicas falam de término, aí é um momento triste, mas o povo sofre feliz. A gente também fala bastante de amor feliz, amor próprio, mas a sofrência acaba falando mais alto", brinca.

Segunda edição do 'Sorriso as Antigas' no Rio de Janeiro

Reprodução/Instagram

🌀 'A música é cíclica'

Tal qual a turnê "Sorriso As Antigas", outros grandes eventos de pagode também arrastaram multidões pelo Brasil afora em 2023, como a Tardezinha, do Thiaguinho; a Numanice, da Ludmilla; e o Churrasquinho, do grupo Menos é Mais.

Na opinião de Bruno, essa é uma prova de que, assim como a moda, a música é formada por diferentes ciclos.

"A gente está vivendo mais um outro giro do pagode. Para a gente que já vem de algumas gerações atrás, fica mais claro ainda que a música é muito cíclica. Então, ela tem os movimentos de uma hora está aqui, depois ela muda, tem uma reciclagem natural de artistas, uma renovação super natural e sadia. Outros gêneros vêm ali e ocupam espaço, e perfomam. Daqui a pouquinho, mudam as coisas... E a gente está ali observando e tentando se inserir nesta confusão toda", comenta.

"O que vem acontecendo dentro desse contexto dos grandes eventos são shows com tamanho de festival, com estrutura de shows gringos. Você vê palcos enormes, com muita gente, dentro de estádios. Isso é muito legal, muito sério."

Bruno Cardoso, vocalista do Sorriso Maroto, durante show em Sorocaba (SP)

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Para o cantor, essa renovação, tanto de bandas quanto de público, é benéfica para o pagode, que já esteve em alta entre os anos 1990 e 2000, mas acabou perdendo espaço para outros gêneros no início da década de 2010, e agora voltou a se consolidar nas plataformas de música.

"A gente está vivendo, dentro da cena, algo muito novo, muito especial. É muito sério o que está acontecendo, porque são artistas novos chegando em volume, público novo consumindo pagode. Independente de ser uma banda nova ou uma banda um pouco mais antiga... Não importa, a galera está consumindo pagode e buscando. Isso é maravilhoso. E que seja uma constante", completa.

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FONTE: G1 Globo


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