Kendrick Lamar faz show teatral em SP, assina disco de fã e quebra protocolo em encontro inédito

06 nov 2023
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Maior rapper em atividade, americano fez performance minimalista com jeito de sessão de terapia. No palco, abraçou Thundercat, baixista do álbum 'To Pimp a Butterfly'. O rapper Kendrick Lamar em show no Allianz Parque, em São Paulo

Reprodução/Instagram

Maior rapper em atividade, Kendrick Lamar não está interessado em fazer de seu show uma festa pop grandiosa, para ser lembrada com ternura pelo público. Em termos de apresentação ao vivo, isso é o que mais o distancia de contemporâneos do gênero, como Drake e Post Malone.

Em São Paulo, neste domingo (5), o músico americano fez -- como sempre -- uma apresentação minimalista. Mas ao mesmo tempo teatral, às vezes melodramática, às vezes até esquisita.

Foi uma noite diferente das outras porque Kendrick encontrou, pela primeira vez no palco, seu parceiro Thundercat, multi-instrumentista americano, baixista do álbum "To Pimp a Butterfly" (2015), um de seus clássicos.

"Estamos no Brasil e isso é muito especial, nunca aconteceu antes."

Thundercat e o rapper Kendrick Lamar no palco do festival GPWeek, no Allianz Parque, em São Paulo

Reprodução/Instagram

O rapper encerrou a programação do GPWeek, evento que por dois dias ocupou o Allianz Parque, na Zona Oeste da capital paulista. Em uma performance de uma hora e meia, ele transitou discreto pelo palco com pouca luz, num passeio sombrio por sua mente confusa. 

O artista trouxe ao Brasil uma versão reduzida da turnê “The Big Steppers”. Os show são baseados no álbum “Mr. Morale & The Big Steppers” (2022), um retrato irregular das angústias do rapper sobre sua infância, seus defeitos, seu complexo de salvador do pop e a cultura da fama e da influência -- é o trabalho mais pessoal da carreira dele. 

A apresentação também tem jeito de sessão de terapia: o artista parece desabafar sobre seus traumas para o público. Na performance original da turnê, a voz da atriz Helen Mirren aparece no papel de narradora terapeuta, mas o recurso não foi usado no Brasil 

Do disco, "N95" abre o setlist, com interpretação potente e show de fogos. Em "Worldwide Steppers", a plateia grita enquanto ele rima sobre bloqueio criativo e vício em sexo.

Por que ele é especial?

Vindo de Comptom, na periferia de Los Angeles, Kendrick Lamar definiu os rumos de uma geração de rappers com o álbum "good kid, m.A.A.d City" (2012) e se consolidou no topo com o "Butterfly". Já foi premiado com 17 estatuetas do Grammy e, em 2018, se tornou o primeiro artista pop a receber um Pulitzer de música, pelo disco "Damn" (2017).

O rapper Kendrick Lamar em show no Allianz Parque, em São Paulo

Reprodução/Instagram

O prêmio é mais um indício do que o torna tão especial diante dos pares: a poética imprevisível de suas músicas, embaladas em harnonias complexas, que colocam elementos do jazz no centro das batidas de hip hop. Há quem diga que Kendrick pensa como um músico de jazz. Os arranjos exuberantes são tocados por uma banda escondida atrás do telão.

Kendrick se mostra acompanhado apenas de dançarinos, que mais atuam do que dançam. Em meio a obras de arte e jogos de luzes, ele também se movimenta de forma sutil, mas precisa: coordena milhares de mãos para cima em "King Kunta" e ensaia uma dancinha em "Count Me Out".

Depois, repara que um fã na plateia segura uma versão em vinil do "To Pimp a Butterfly" e pega o disco para autografar, antes de convidar Thundercat para o palco. O baixista se apresentou antes de Kendrick no festival. "Eu não poderia ter feito esse álbum sem meu irmão Thundercat", disse o rapper. Os dois se abraçaram e não apresentaram músicas juntos.

Além do trabalho mais recente, "Mr. Morale", Kendrick dedica boa parte do setlist aos hits do álbum "Damn". "Loyalty", que inclui a voz de Rihanna, leva um monte de celulares para cima. "Love", gravada com o cantor Zacari, tem o momento que mais parece de um show pop comum, com a plateia toda iluminada por lanternas, a pedido do rapper.

Em sua última passagem pelo Brasil, em 2019, Kendrick fez um show explosivo para a plateia nem tão engajada do festival Lollapalooza -- seu público dividiu espaço com fãs de bandas de rock como Greta Van Fleet e Twenty One Pilots, que se tocaram no mesmo dia.

O rapper Kendrick Lamar em show no Allianz Parque, em São Paulo

Reprodução/Instagram

Dessa vez, o cantor foi beneficiado por ser a grande estrela da noite: todo mundo estava lá para vê-lo. E ele também parece ter gostado do que viu: "Brasil, eu amo vocês. Essa noite foi especial, de verdade, vou voltar".

Além de Thundercat, subiram ao palco do GPWeek neste domingo a dupla americana de música eletrônica Sofi Tukker, que cantou trechos de músicas em português, e as brasileiras Iza e Tasha e Tracie. No sábado (4), se apresentaram a cantora pop Halsey, o grupo sueco Swedish House Mafia e os cantores Machine Gun Kelly, Jaden Hossler e Hodari.


FONTE: G1 Globo


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