Alaíde Costa é ovacionada no 30º Prêmio da Música Brasileira em edição que celebrou Alcione

01 jun 2023
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Justiças, tradições e ausências marcam a cerimônia que também consagrou o trio Gilsons, duplamente laureado no evento realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro na noite de ontem, 31 de maio. Lázaro Ramos, um dos apresentadores do 30º Prêmio da Música Brasileira, reverencia a cantora Alaíde Costa pelo troféu de disco de MPB

Divulgação / Prêmio da Música Brasileira

♪ ANÁLISE – Depois de Alcione, grande homenageada da 30ª edição do Prêmio da Música Brasileira, Alaíde Costa foi a cantora mais ovacionada na cerimônia apresentada com leveza por Felipe Neto e Lázaro Ramos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro na noite de ontem, 31 de maio.

Entidade da MPB, atualmente com 87 anos, Alaíde viu boa parte do público se levantar para aplaudir a cantora carioca pelo prêmio conquistado pelo melhor lançamento fonográfico na categoria MPB. O troféu veio pelo álbum O que meus calos dizem sobre mim (2022), projeto de Emicida e Marcus Preto orquestrado sob direção musical de Pupillo. Título recorrente nas listas de melhores discos de 2022, o álbum faz jus ao prêmio.

Roteirizada por Zélia Duncan e costurada por números musicais com o repertório de Alcione, a premiação também consagrou o trio Gilsons, laureado com os troféus de Melhor Grupo da categoria Pop / Rock e de Melhor Projeto Audiovisual pelo filme derivado do álbum Pra gente acordar (2022) e dirigido por Pedro Alvarenga.

Justa, a dupla vitória do trio no 30º Prêmio da Música Brasileira está em sintonia com o fato de o grupo estar lotando shows Brasil afora por ter conquistado o público jovem.

No todo, não houve grandes discrepâncias no resultado da 30ª edição da premiação criada pelo empresário José Maurício Machline em 1987, ainda que as ausências das cantoras Áurea Martins, Leila Maria e Simone tenham sido sentidas por quem sabe a importância que os álbuns Senhora das folhas (2022), Ubuntu (2022) e Da gente (2022), respectivamente, têm nas trajetórias das artistas.

Na categoria Canção popular, espécie de eufemismo para brega que engloba a produção sertaneja, a vitória de Marília Mendonça (1995 – 2011) como Melhor Intérprete já era esperada porque a cantora goiana vem reinando postumamente nas playlists nacionais.

Da mesma forma, a vitória do álbum Cássia Eller & Victor Biglione in blues (2022) na categoria Lançamento em língua estrangeira já era previsível, até porque o PMB costuma ignorar a explosão de estrelas associadas ao funk como Anitta – concorrente na categoria com o álbum Versions of me (2022) – e Ludmilla.

Na categoria Instrumental, foi injusto o esquecimento do pianista Dom Salvador, que concorria como solista e também por álbum, da mesma forma que foi merecida a premiação de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz como Melhor Grupo.

Ao lado de Assucena, o trio Gilsons celebra um dos dois troféus recebidos pelo grupo na 30ª edição do Prêmio da Música Brasileira

Divulgação

Na categoria MPB, a vitória da banda Bala Desejo como Melhor Grupo soou tão previsível quanto merecida, já que o quarteto carioca foi uma das sensações da música brasileira em 2022. Igualmente previsível foi o prêmio de Melhor Canção para Que tal um samba? (Chico Buarque).

Na genérica categoria Música Uurbana, o rap dominou a premiação. Criolo ficou com o troféu de Melhor Intérprete. Já Baco Exu do Blues ganhou o prêmio de Lançamento pelo álbum Quantas vezes você já foi amado? (2022), título potente, mas ainda assim menos impactante na discografia do rapper baiano. Planet Hemp foi o Melhor Grupo em vitória também previsível.

As vitórias póstumas de Erasmo Carlos (1941 – 2022) e Elza Soares (1930 – 2022) na categoria Pop / Rock – pelo álbum O futuro pertence à... Jovem Guarda (2022) e como intérprete, respectivamente – seguiram a tendência de homenagens a artistas mortos recentemente. A propósito, a seção In memoriam resultou fria nesta edição do PMB.

Os resultados da categoria Regional foram mais surpreendentes. Nem tanto pelo fato de a melhor dupla ter sido Mayck & Lyan, jovens que defendem a tradição da música caipira, mas pela vitória de Lançamento ter sido de um álbum genérico na discografia de Elba Ramalho, gravado ao vivo em festa de São João.

Sem falar que Alceu Valença, artista de dimensão nacional (como Elba), foi mais uma vez enquadrado como “regional”, tendo sido eleito o Melhor Intérprete de categoria que, na realidade, reflete visão etnocêntrica de quem vive no Rio de Janeiro e em São Paulo. Regional, de fato, é Boi Bumbá Garantido, eleito o Melhor Grupo.

Na categoria Samba, a vitória do Fundo de Quintal como melhor grupo já é tradição. Diogo Nogueira foi o Melhor Intérprete, láurea justificada pelo cantor ter feito um dos melhores números musicais da noite, mas poderia ter ganhado (também) como Lançamento pelo estupendo single Fim do horizonte (2022), gravado com Hamilton de Holanda.

Justa foi a vitória do violonista Plínio Fernandes como Revelação. Músico paulista residente em Londres, Fernandes de fato chamou a atenção no ano passado, inclusive fora do Brasil.

Entre vícios e virtudes, o Prêmio da Música Brasileira chegou fortalecido à 30ª edição graças à obstinação do empresário José Maurício Machline, devidamente reverenciado pelo público no início da cerimônia que consagrou Alaíde Costa e Gilsons, além da homenageada Alcione.


FONTE: G1 Globo


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