Assembleia da ONU aprova pedido de ‘trégua humanitária’

28 out 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução, na tarde de ontem, que pede uma trégua humanitária imediata entre Israel e o grupo extremista Hamas. No entanto, o texto aprovado é de caráter recomendativo – os países envolvidos não são obrigados a aplicar a resolução. A medida foi aprovada com 120 votos favoráveis, 45 abstenções e 14 posicionamentos contrários – entre eles, dos Estados Unidos e de Israel.
O texto é da Jordânia, país vizinho do conflito, e pede “trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada” e que os grupos envolvidos cumpram com o direito humanitário internacional e forneçam serviços essenciais para a Faixa de Gaza. A resolução também pede a “libertação imediata e incondicional” de civis que estejam sendo usados como reféns.

Lula: 'Primeiro-ministro de Israel quer acabar com a Faixa de Gaza'

A Assembleia da ONU aprovou o texto após rechaçar uma emenda do Canadá, que pedia a condenação expressa do Hamas pelo ataque de 7 de outubro, que provocou a morte de mais de 1,4 mil israelenses. O representantes de Israel na ONU, Gilad Erdan classificou a resolução como uma "infâmia"
“Hoje é um dia que passará para a infâmia. Todos temos testemunhado que a ONU não tem a menor legitimidade ou relevância”, disse o diplomata israelense. O texto, que se concentra na necessidade de atenuar o sofrimento da população civil na guerra entre Israel e Hamas, não nomeou nenhuma das partes em conflito.
 

Sanções ao Hamas

Os Estados Unidos anunciaram, ontem, uma nova rodada de sanções econômicas contra dirigentes do Hamas, assim como contra a Guarda Revolucionária iraniana, e suas redes financeiras, três semanas depois do início da guerra entre o movimento islamista palestino e Israel.

Essas sanções miram “ativos adicionais na carteira de investimentos do Hamas e pessoas que facilitam a evasão de sanções por parte de empresas filiadas ao Hamas”, disse o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos em um comunicado.

Washington revelou que também impôs sanções contra “um dirigente do Hamas no Irã e membros da Guarda Revolucionária”, o exército ideológico do regime iraniano. As sanções estendem-se também a "uma entidade com sede em Gaza que serviu como caminho para fundos iranianos ilícitos para o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina".

 

“Nós saudamos a resolução da Assembleia Geral da ONU pedindo uma trégua humanitária imediata e pedimos sua implantação imediata a fim de fornecer combustível e ajuda humanitária aos civis”, reagiu, por meio de nota, o movimento islamista palestino, no poder na Faixa de Gaza.
A Assembleia Geral da ONU, que reúne os 193 Estados-membros das Nações Unidas, retomou o tema depois que o Conselho de Segurança, dividido, rejeitou quatro resoluções em menos de duas semanas.

O texto, apresentado pela Jordânia em nome do grupo árabe e copatrocinado por quase 50 países, não nomeou nem o Hamas, nem Israel, “pede uma trégua humanitária imediata, duradoura e contínua, que conduza ao fim das hostilidades”; rejeita o deslocamento forçado da população civil palestina, e exige a liberação imediata e incondicional de todos os civis que estão em cativeiro “ilegalmente” e um “tratamento humano” para eles.

Antes da votação, o embaixador paquistanês Munir Akram explicou que as partes beligerantes não foram mencionadas porque “se você é justo, se é equitativo, não vai culpar uma parte e não a outra”.

Divisão

O Canadá havia apresentado uma emenda para que a resolução incluísse uma condenação ao movimento palestino Hamas pelos atentados de 7 de outubro e assim facilitar a aprovação dessa resolução que contou com o voto contrário dos Estados Unidos, Israel, Guatemala, Áustria, Croácia, Hungria e Paraguai. Votaram a favor da resolução Rússia, China, Irã, Paquistão, França, Brasil, Colômbia, Chile, El Salvador, Peru, Espanha e Bélgica, enquanto Alemanha, Austrália, Reino Unido, Grécia, Japão, Suécia, Uruguai e Panamá se abstiveram.
A resolução, que diferentemente das que são aprovadas pelo Conselho de Segurança, não tem caráter vinculante, destaca a importância de se evitar uma maior desestabilização e a escalada da violência na região e pede uma solução “justa e duradoura do conflito israelense-palestino” baseada na solução dos dois Estados.
O texto também condena “todos os atos de violência destinados a civis palestinos e israelenses, inclusive todos os atos de terrorismo e ataques indiscriminados”, e se declara “profundamente preocupada com a última escalada de violência desde o ataque de 7 de outubro de 2023”.
 

Alerta

Sem uma mudança fundamental na situação, a população de Gaza sofrerá "uma avalanche de sofrimento humano sem precedentes", alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, ontem. “Todos devem assumir sua responsabilidade.

Este é o momento da verdade, a história nos julgará”, afirmou Guterres em comunicado lido pelo seu porta-voz, e destacou que “o sistema humanitário em Gaza enfrenta um colapso total, com consequências inimagináveis para mais de 2 milhões de civis”.

“Devido à situação desesperadora e dramática” em Gaza, a ONU “não será capaz de fornecer ajuda dentro” da Faixa “sem uma mudança imediata e fundamental na forma como a ajuda entra”, disse ele.

Israel intensifica invasão em Gaza

O Exército de Israel ampliou ontem suas operações terrestres na Faixa de Gaza, governada pelo movimento islamista palestino Hamas, que disse estar “preparado” para enfrentar o Exército israelense e anunciou “intensos combates” pela noite.

A comunidade internacional manifestou preocupação pela situação humanitária no território, bombardeado e assediado por Israel em resposta ao ataque letal lançado dali pelo Hamas em 7 de outubro. O grupo islamista afirmou que "cerca de 50" reféns morreram em bombardeios israelenses. Israel também impôs um cerco praticamente total a esse território de 362 km² e mais de 2,3 milhões de habitantes.

O Exército israelense indicou que aumentou os bombardeios “de maneira muito significativa” e anunciou que “ampliará suas operações terrestres esta noite (ontem)”, após duas noites seguidas de incursões de tanques na Faixa.

Os bombardeios se concentraram particularmente na Cidade de Gaza, ao norte da Faixa, segundo vídeos da AFP. Poucas horas depois, o Hamas informou sobre enfrentamentos em dois setores da Faixa. “Enfrentamos incursões terrestres israelenses em Beit Hanun (norte) e Al Bureij (centro). Estão travando intensos combates”.O grupo islamista também disse que está "preparado" para enfrentar uma invasão.

“Se (o primeiro-ministro israelense, Benjamin) Netanyahu decidir entrar em Gaza esta noite, a resistência está preparada", declarou no Telegram um dirigente do Hamas, Ezzat al Risheq. “A terra de Gaza engolirá os restos mortais dos soldados” israelenses, acrescentou. O movimento islamista Hamas, no poder em Gaza, afirmou também que Israel "cortou as comunicações e a maior parte da internet", “para cometer massacres com bombardeios de represália por ar, terra e mar”.
A Infantaria israelense lançou na madrugada de quinta para sexta uma “incursão seletiva no setor central da Faixa de Gaza”, apoiada por  “caças e drones”, antes de abandonar o território, anunciaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês). Nesta operação, acrescentaram as IDF, houve bombardeios contra alvos do Hamas “em toda a Faixa de Gaza” e foram destruídas rampas de lançamento de foguetes e centros de comando do Hamas.
O Exército de Israel acusou o movimento palestino de usar hospitais em Gaza como centros de operações para realizar ataques. O Hamas respondeu imediatamente, afirmando que se tratavam de acusações “totalmente infundadas”. Quase 1,4 milhão de pessoas fugiram nas últimas semanas para o sul da Faixa, mas cerca de 30 mil retornaram para o norte nos últimos dias, segundo a ONU. “Voltamos para morrer nas nossas casas. Será mais digno”, disse Abdallah Ayyad, que retornou para a Cidade de Gaza com sua mulher e cinco filhas.
Um foguete atingiu um prédio residencial em Tel Aviv na tarde de ontem. O Hamas assumiu a autoria do ataque. O foguete foi disparado de Gaza e atingiu o prédio por volta das 14h no horário local (8h em Brasília). Sirenes de alerta foram acionadas em Tel Aviv após o ataque. O lançamento danificou apartamentos no último e penúltimo andar do prédio, informou a polícia de Tel Aviv.

Escalada regional

A guerra despertou temores de uma conflagração regional. O Irã, um poderoso apoiador do Hamas, lançou várias advertências aos Estados Unidos, um aliado de Israel. A tensão também está aumentando na Cisjordânia ocupada, assim como na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde ocorrem diariamente trocas de disparos entre o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense.

O Exército americano informou ter atacado na quinta-feira duas instalações no Leste da Síria usadas pelos Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) e por grupos afiliados, anunciou o secretário da Defesa, Lloyd Austin.

“Os ataques de precisão de autodefesa são uma resposta a uma série de ataques em curso e, em sua maioria, sem êxito, contra o pessoal dos Estados Unidos no Iraque e na Síria, por grupos de milícias apoiados pelo Irã, que começaram em 17 de outubro", disse ele por meio de um comunicado. n

Cruz vermelha

Ontem, uma equipe da Cruz Vermelha entrou pela primeira vez na Faixa de Gaza desde o início da guerra. Seis médicos acompanhados de seis caminhões de ajuda, indicou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Desde 21 de outubro, algo em torno de 70 caminhões entraram na Faixa vindos do Egito, indicou na quinta-feira o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Essa quantidade, no entanto, é considerada insuficiente pela organização, que reivindica especialmente combustível para fazer a infraestrutura de saúde funcionar. Antes do "cerco total" imposto por Israel em 9 de outubro, cerca de 500 caminhões chegavam à Faixa diariamente. “Muitos mais morrerão em breve por consequência do cerco imposto à Faixa de Gaza” por Israel, afirmou Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência de a ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).


FONTE: Estado de Minas


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO