Israelense feita de refém pelo Hamas conta que viveu ‘um inferno’ mas depois foi ‘bem tratada’

24 out 2023
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A israelense Yocheved Lifshitz, de 85 anos, libertada pelo grupo islâmico Hamas, contou nesta terça-feira (24) que viveu "um inferno" quando foi sequestrada e levada para uma "rede de túneis" por sequestradores, mas que depois trataram-na bem durante as mais de duas semanas de cativeiro na Faixa de Gaza.

A liberdade de Yocheved Lifshitz aconteceu na noite de segunda-feira, junto com Nurit Kuper, de 79 anos. Ambas viviam no kibutz de Nir Oz, próximo à Faixa de Gaza, que em 7 de outubro foi alvo de um ataque pelos milicianos do Hamas, como parte de sua ofensiva surpresa em Israel.

Seus maridos, entretanto, ainda estão em cativeiro nas mãos do movimento islâmico palestino.

Em Tel Aviv, sentada em uma cadeira de rodas, ao lado de sua filha, a ex-refém conta à imprensa: "Vivi um inferno, não tinha ideia de que me encontraria nessa situação".

Segundo seu relato, os milicianos sequestraram-na em uma moto. "Eles me agrediram no caminho; não quebraram minhas costelas, mas me machucaram muito e tive dificuldades para respirar".

Ela lembra da manhã do ataque, que aconteceu durante o final de uma festividade judaica, quando testemunhou "intensos disparos", e os membros armados do Hamas "entraram em massa" na cooperativa agrícola de que participa e nas casas de seus vizinhos.

"Eles não faziam distinção entre jovens e idosos. Não consigo parar de reviver na minha mente o que aconteceu".

Após o sequestro, ela foi levada para "uma rede de túneis" subterrâneos "durante duas ou três horas".

Depois, foi levada a uma sala com outros 25 reféns e, em seguida, para um cômodo separado com quatro pessoas. Foi colocada em um colchão.

A situação melhorou durante o cativeiro, onde foram "bem tratados" e "um médico vinha a cada dois ou três dias para verificar como estávamos e garantir que tivéssemos medicamentos".

- "Preparados" -

"Eles levaram em consideração todas as nossas necessidades" e "foram muito gentis", continuou. "Comíamos a mesma comida que eles: pão pita com cream cheese, queijo derretido e pepinos. Essa era a comida do dia".

A mulher mencionou que os militantes pareciam ter preparado os sequestros.

"Pareciam estar prontos para isso. Prepararam isso por muito tempo. Tinham tudo o de que homens e mulheres precisavam, inclusive xampu", disse aos repórteres.

Lifshitz também contou que seus sequestradores tentaram falar sobre política. "Não queríamos falar sobre política com eles, éramos seus reféns, e não respondemos. Mas eles falaram sobre muitas coisas".

Aproximadamente 220 reféns israelenses, estrangeiros ou com dupla nacionalidade, foram sequestrados pelos comandos do Hamas no ataque de 7 de outubro. No lado israelense, o balanço chega a mais de 1.400 mortos, a maioria civis.

Desde então, em retaliação, o Exército israelense bombardeou diariamente a Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, que relatou nesta terça-feira a morte de pelo menos 5.791 pessoas no enclave, desde o início da guerra.

Na sexta-feira passada, duas americanas, mãe e filha, também foram libertadas pelo Hamas. O movimento islâmico afirma que alguns reféns morreram nos bombardeios israelenses.

- "O governo nos abandonou" -

Após sua liberdade, na segunda-feira, "ela ainda estava sorrindo, era comovente", conta à AFP seu neto Dekel Lifshitz.

"Tivemos a sorte de nos reunirmos com nossa avó", diz ele, que espera a libertação de todos os reféns.

Yocheved Lifshitz destacou que, nas semanas anteriores ao ataque, alguns moradores de Gaza se aproximaram da fronteira com Israel e "enviaram balões incendiários para queimar nossos campos".

"O Exército, de uma forma, ou de outra, não levou isso a sério", denunciou. "O governo nos abandonou".


FONTE: Estado de Minas


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