Calote de escola era questão de tempo, segundo pais de alunos

18 set 2023
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"Era uma bola de neve. A gente sabia que ia dar nisso (fechamento da escola). Cada hora a gente pagava a mensalidade para uma empresa de CNPJ diferente. Comprava livros, pagava para o dono e simplesmente não recebia o material. Lá já foi muito bom, mas o dono largou a escola quando viu que não tinha mais jeito. Os professores eram ótimos, nada a reclamar deles. São vítimas como nós". O desabafo é do pai de um aluno que só se identifica como Rafael, já bastante fragilizado pelas tentativas de transferir o filho de 10 anos do Colégio Sant'Anna, no Barreiro, depois que a instituição simplesmente fechou e o diretor, de 54 anos, que é também o proprietário, desapareceu.
 
Revoltados com a situação, 22 pais e funcionários fizeram uma ocorrência na Polícia Militar depois que encontraram os portões do Colégio Sant'Ana fechados, na sexta-feira (15/09). Apenas uma secretária e a filha do dono, que é professora do jardim de infância, estavam lá. Há cerca de um mês o diretor não aparece e sequer estaria atendendo os telefonemas da própria filha, de acordo com o que ela disse à PMMG.
 
Segundo informações do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), o colégio vinha atrasando os salários dos profissionais, que ganhavam perto do salário mínimo da categoria. Metade era paga por mês e no mês seguinte o restante era quitado, quando os profissionais já deveriam receber pelo novo mês trabalhado.
 
"A escola era muito querida, muito tradicional na comunidade e os professores acabaram acreditando no patrão, como forma de solidariedade. Só que, com isso, não nos avisaram que a situação estava tão grave. Por isso, não pudemos fazer nada antes. Agora, vamos atender e representar cada um deles, a partir dessa segunda-feira (18/09)", afirma a presidente do Sinpro, Valéria Morato.
Vários CNPJs
Um dos cadastros nacionais de pessoa jurídica é de 23 de janeiro de 2023 e só durou sete meses até ser fechado, em 23 de agosto deste ano, constando um capital social de R$ 5 milhões. A atividade econômica principal era a educação profissional de nível técnico, infantil, pré-escola, ensino fundamental e médio. A extinção ocorreu por decisão líquida e voluntária da sociedade empresarial com apenas um sócio-administrador, o próprio diretor da escola.
 
Mas, entre as relações de CNPJs utilizados de acordo com a documentação mostrada pelos pais, há também indicação de empresas com atividades não diretamente relacionadas com a educação, como um Instituto e Clínica Especializada que leva como nome de fantasia Colégio Santana (e não Colégio Sant'Anna), aberta em 2021 e de capital social de R$ 20 mil. Essa firma tem como atividade os atendimentos "médica ambulatorial restrita a consultas". No quadro societário consta apenas uma mulher de mesmo sobrenome do diretor e proprietário do colégio.
 
A terceira empresa com cadastro nacional de pessoa jurídica apresentada tem o nome de outra mulher com o mesmo sobrenome do diretor e proprietário, tendo como atividade principal a educação infantil e pré-escola. O capital social da empresa é de R$ 10 mil.
 
O caso será investigado pela 2ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro. A reportagem não conseguiu contato com o diretor ou integrantes da administração da escola.

FONTE: Estado de Minas

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