Como a guerra de drones evoluiu na Ucrânia?

30 maio 2023
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Os drones moldam a guerra na Ucrânia como nunca antes, evoluindo de pequenos quadricópteros com câmeras e granadas para a integração de bombas e ogivas com alvos em Kiev e Moscou.

Nos últimos meses, as tropas russas lançaram drones explosivos Shahed, de fabricação iraniana, em várias cidades ucranianas. Kiev também os usou para atacar pontos-chave na península da Crimeia e na região fronteiriça russa de Belgorod.

O governo russo acusou a Ucrânia nesta terça-feira (30) de atacar Moscou com esses dispositivos. Seu uso e características evoluíram ao longo do tempo.

O declínio dos drones do tipo MALE

O drone Bayraktar TB2, de fabricação turca, foi um dos "símbolos dos primeiros momentos do conflito" para a resistência ucraniana, resume o pesquisador francês Léo Péria-Peigné, do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).

Os dispositivos desempenharam um papel fundamental em impedir a chegada de tanques russos de Belarus e no naufrágio do 'Moskva', o carro-chefe da frota russa no Mar Negro.

Mas os modelos - conhecidos como MALE [sigla em inglês para altitude média e longo alcance] - perderam relevância à medida que o conflito avançava.

"O front se estabilizou e se tornou impenetrável quando os russos implantaram seus" sistemas antiaéreos, disse uma fonte da indústria de defesa europeia, sob condição de anonimato.

Este modelo de drones tornou-se vulnerável, então "já não voa tanto", acrescentou.

- Questão de números -

A guerra com drones, muito mais barata que os mísseis, agora é uma questão de números.

A maioria dos drones explosivos é derrubada por sistemas de defesa aérea e força "os defensores a disparar seus mísseis para esgotá-los", disse uma fonte militar francesa.

"Também gera terror e incerteza o tempo todo. No longo prazo, tem algum valor", acrescentou.

As forças ucranianas usam "drones explosivos de longo alcance, às vezes modelos chineses com hélices chinesas ou antigos drones de reconhecimento da era soviética: o Tu-141. Eles têm cargas explosivas e podem atingir alvos nas profundezas do território russo", detalhou a fonte industrial.

A indústria russa, por sua vez, só pode fornecer "cerca de 40 mísseis de longo alcance por mês". Por esse motivo, Moscou lança um grande número de drones "para aumentar o número de eixos de ameaça, usando drones Shahed-136 como exploradores para identificar lacunas na defesa ucraniana", disseram Jack Watling e Nick Reynolds, do think tank britânico RUSI.

- Trincheiras e linhas de frente -

A maioria dos drones - de tamanho pequeno - é usada perto do front para tarefas de reconhecimento, identificação de alvos ou ataques.

As tropas ucranianas publicaram vários vídeos nas redes sociais mostrando drones comerciais modificados lançando bombas contra posições russas.

"É comum ter entre 25 e 50 drones de ambos os lados que operam na área disputada entre as duas linhas de frente por trechos de 10 quilômetros", segundo especialistas do RUSI.

Os drones táticos ucranianos Furia e russo Eleron-3 têm um alcance de cerca de 50 km. Por outro lado, pequenos quadricópteros têm um raio inferior a 10 quilômetros.

Sua onipresença forçou cada lado a implantar sistemas de defesa eletrônicos para derrubá-los, mais barato do que com mísseis.

"O exército russo implanta um sistema de guerra eletrônica a cada 10 km do front", de acordo com RUSI. "Os russos fortaleceram seus sistemas de guerra eletrônica. É uma grande mudança", explicou a fonte militar francesa.

- Desgaste -

Os russos atribuíram "capacidades antidrones a cada unidade, que geralmente incluem" sistemas de interferência de comunicações e software de navegação, acrescentou.

"O rifle antidrones é a base da defesa. O que funciona são sistemas de radiofrequência instalados perto da área do front, mas (...) têm uma expectativa de vida muito limitada, porque são alvejados", explicou a fonte industrial.

São "grandes esferas montadas em tripés com geradores", de modo que são fáceis de identificar, acrescentou.

As perdas de drones são muito altas. "Considera-se que cada drone voa entre 4 e 6 vezes antes de ser derrubado", segundo o militar.

Os drones continuarão sendo relevantes no conflito, mesmo que haja mudanças na linha de frente.


FONTE: Estado de Minas


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