Eleição marcada por confusão, prorrogação do prazo e voto em papel

02 out 2023
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A eleição para definir o nomes dos 45 conselheiros tutelares de Belo Horizonte já se projetava quente diante do ambiente de polarização política vivido na cidade e em todo o país. A situação foi agravada por falhas registradas ontem no sistema de votação utilizado na capital que deixaram o cenário ainda mais agitado e promete render discussões ao longo das próximas semanas. O pleito, que deveria ser realizado das 8h às 17h, foi prorrogado até 18h30, e os votos, que deveriam ser computados digitalmente, tiveram de ser registrados em cédulas de papel.
O transtorno começou logo pela manhã. Segundo relatos enviados ao Estado de Minas e publicados nas redes sociais, o sistema utilizado passou por instabilidades, causando filas nos locais de votação. Em alguns colégios eleitorais, apenas uma urna foi disponibilizada e a morosidade no processo fez eleitores desistirem de participar do pleito. Na Escola Municipal Senador Levindo Coelho, no Bairro Serra, Centro-Sul da capital, a fila se comparava a uma eleição parlamentar.
Já no antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), no Santo Antônio, eleitores relataram a desorganização do processo só com uma sala de votação. Sebastião Peixoto, de 71 anos, foi votar pela primeira vez em um conselheiro tutelar. “Cheguei e depois tive que voltar. Uma fila grande dessas é uma falta de consideração. Uma confusão”.
Por volta das 9h, Cristina Pinto Coelho, de 51, chegou para votar na Diretoria Regional de Assistência Social, na Rua Rio de Janeiro, quando o sistema caiu. Ela foi até a Fafich e por quase duas horas ficou no local, mas desistiu. “Vi muita família, criança, idoso, adultos, todo mundo querendo votar. Meu candidato merece, mas não tenho condição de passar a manhã e a tarde na votação”.
A demora não foi sentida por todos. Natália Barros, de 27, foi com a família e contou que os pais, mais velhos, conseguiram votar com celeridade, já que a sala de votação tinha uma fila preferencial. “A gente achou que era muito importante (votar). Quisemos esperar na fila, vencemos o momento e votamos”.
Tereza Barros, mãe de Natália, conta que já vota em conselheiros tutelares há mais tempo e que esse ano foi mais rápido do que os outros. “Teve um progresso. Precisa de melhoras, mas está bem mais organizado”.
Mudanças
Em nota, a prefeitura e o Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente esclareceram que os equipamentos utilizados no pleito são computadores da rede municipal, historicamente chamados de urnas eletrônicas, por sua característica integrada de recebimento de votos. O sistema começou a apresentar problemas técnicos pela manhã e equipes técnicas tentaram resolver a questão.
Diante das longas filas e da instabilidade do sistema feito pela Empresa de Informática e Informação do Município (Prodabel), o Ministério Público (MPMG) recomendou à PBH prorrogar o prazo de votação até as 20h e adotar o voto em cédulas. A solicitação foi parcialmente atendida: os eleitores passaram a registrar as escolhas no papel, mas a duração do pleito foi estendida apenas até 18h30.
O Estado de Minas voltou aos pontos de votação no fim da tarde, quando a prefeitura já havia determinado as mudanças no processo. No Santa Efigênia, Leste da capital, a fila dava volta nos corredores da Escola Municipal Santos Dumont por volta das 17h. 
Valdemir dos Santos contou que tentou participar do processo mais cedo, mas não conseguiu. Ele ainda manifestou preocupação com o resultado das eleições. “Vim por volta de 12h30, 13h, e naquele momento a votação estava parada. Parece que o sistema não suportou. Eu voltei para trás e pensei em voltar mais para o final, achei que estaria mais tranquilo, mas a fila está tão grande quanto antes. A eleição vai ter uma interferência por tudo isso que aconteceu. E quando colocam para votar em papel a gente fica ainda mais receoso. O resultado vai ser muito duvidoso, sem dúvida”, comentou.
Por outro lado, para eleitores como o advogado Hugo Mares, o uso das cédulas de papel não trará prejuízos ao pleito. “O problema aí é quem vai fazer a contagem do digital, no papel ainda tem a possibilidade de fazer a recontagem e colocar pessoas que representam os conselheiros para poder acompanhar. Se for igual às nossas eleiçõespresidenciais fica suspeito, não é?”.   
O CARGO
Ao todo, BH tem 45 conselheiros tutelares, sendo cinco para cada uma das nove regionais. Os mandatos são de quatro anos. O salário mensal gira em torno de R$ 4,4 mil para uma carga horária de 40 horas semanais. Até a última sexta-feira, a PBH informou que a divulgação do resultado era esperada para a próxima quarta ou quinta. 

FONTE: Estado de Minas

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