‘Investidor’ é preso em BH por aplicar golpes de investimento no Instagram

13 abr 2023
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'Empresário, investidor e day trader'. Assim se intitula o homem de 28 anos preso pela Polícia Civil de Minas Gerais por aplicar golpes financeiros peas redes sociais. O prejuízo pode chegar ao R$ 100 milhões. A prisão aconteceu em um shopping da Região Centro-Sul de Belo Horizonte, enquanto ele conversava com possíveis novas vítimas, nessa quarta-feira (12/4). 
Segundo o delegado Marlon Pacheco de Castro, titular da 3ª Delegacia de Fraudes, Taylon Queiroz teve a prisão preventiva decretada por atrapalhar o andamento das investigações, que acontecem há cinco meses. Ele intimidava as vítimas que o denunciaram, afirmando ter "pago almoços para o delegado e os investigadores". 
Além disso, ele tinha porte de arma, frequentava clubes de tiros e usava essa autorização para intimidar, mandando fotos do revólver. "A prisão preventiva foi pedida na medida em que ele estava atrapalhando as investigações, além das ameaças, inclusive, com o envio de fotografias de arma de fogo para as vítimas. Ele falava da polícia, que era conhecido dos promotores, que tinha conhecia muita gente influente e que teria o poder de obstruir as investigações", explica. 
Até o momento, a PC avalia que há R$ 17 milhões de prejuízo, podendo chegar a R$ 100 milhões. Foram 35 vítimas identificadas, mas outras pessoas podem ter sido enganadas. 

Modus operandi

Em uma conta no Instagram, o golpista postava fotos em viagens, frases motivacionais e explicava a diferença de cada investimento. Com um modelo de operação financeira conhecido por day trade, que obtém lucro com a oscilação de preço de ativos financeiros ao longo do dia, ele afirmava ser um 'trader' e dono da TX Intermediações, uma empresa que supostamente fazia operações para os investidores terem lucro acima de 10% ao mês. 
"Dizia operar no mercado de câmbio, fazendo trader de câmbio, mas o modus operandi dele é muito semelhante a todas as outras pirâmides financeiras, com exposição midiática em redes sociais, ostentação de artigos de luxo, veículos, apartamentos de festas. Tudo aquilo que gerava interesse nas pessoas, sempre apresentando que esses artigos de luxo seriam oriundos do trabalho no mercado financeiro", diz o delegado. 
A prisão de Taylon Queiroz ocorreu na tarde de ontem, mas, ainda assim, a conta na rede social continuou postando story na manhã desta quinta-feira (13/4). De acordo com a polícia, todos os aparelhos foram apreendidos e o homem já está no sistema prisional, por isso, há possibilidade de ele trabalhar com uma equipe e ter mais envolvidos nos golpes.

As vítimas

Até o momento, as vítimas estão em Minas Gerais, São Paulo e Estados Unidos. São 35 pessoas já identificadas, mas o número pode chegar a 300 vítimas enganadas. Entre elas, Rennan Lucas, de 28 anos, que era amigo do golpista há alguns anos.

 

“Ele era meu melhor amigo. Tenho uma empresa de influenciadores digitais, ele assessorava os agenciados e mexia com meu fluxo de caixa. Aplicou o golpe prometendo rentabilidades de 5% a 10% e a partir disso, ele rentabilizava os capitais. Percebi que algo estava errado quando fechamos um projeto num banco que ele deveria fazer o pagamento usando meu dinheiro, mas não fez. Meu prejuízo foi de R$ 1,2 milhão com ele, mas agora chega a R$ 3 milhões em dívida nos bancos”, diz.

 

Rennan chegou a ser intimidado pelo homem. “Fez várias ameaças e brincou com essa situação. Ele já marcou um encontro comigo no qual foi armado, falou que era amigo dos policiais ”, conta. Ele pede que outras vítimas façam denúncias na polícia. “Estou aqui para poder ajudar a esclarecer, sei tudo sobre ele e gostaria que as demais vítimas também fizessem isso. Não tem que ter medo de estelionatário, eles jogam com a cabeça das pessoas, mas devemos denunciar.”

 

Outra vítima, que preferiu não se identificar, também tem 28 anos e é empresário. Ele vendeu um carro para uma agência que o golpista era o comprador e se apresentou como investidor do mercado financeiro, captando clientes para o suposto negócio. “A proposta dele era pagar uma rentabilidade de 10 a 15%, por isso, fiz um investimento de R$ 100 mil em abril de 2020. Fizemos contrato com firma reconhecida em cartório e cheguei a receber quatro parcelas de R$ 10 mil, mas desde aquele ano, ele dizia que estava no prejuízo e ia devolver o dinheiro em breve”, explica.

 

“Somando os juros, meu prejuízo é superior a R$ 100 mil. Ele debochava das vítimas em rede social, falava que não ia ficar preso nem um dia, não estava se importando de ser exposto na mídia com a aplicação do golpe. Cheguei a ficar com ansiedade e crise de pânico, agora tomo remédios e faço acompanhamento com psicóloga. Essa prisão dá um certo alívio, sensação de que justiça ainda existe”, finaliza. 

Como não cair em golpes?

Para não serem enganadas por golpes financeiros, as pessoas devem se manter atentas aos sinais da fraude, como explica o delegado Marlon Pacheco. “Vale para todo tipo de golpe, não só pra pirâmide financeira, todo retorno ou ganho superior aos que a gente tem correntes no mercado, são indicativos de fraude. É impossível um retorno de 10% ao mês, inclusive em moeda eletrônica”.

 

“Outra característica básica são os depósitos em contas de CPF, não existe isso. Se for empresa séria, ela opera uma conta em seu nome, sob a sua responsabilidade”, acrescenta. 


FONTE: Estado de Minas

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