Líderes africanos se preparam para encontrar Putin após Zelensky rejeitar sua mediação

17 jun 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Uma delegação de dirigentes africanos se reúne neste sábado (17) com o presidente russo, Vladimir Putin, em São Petersburgo, um dia após sua proposta de mediação entre Moscou e Kiev ter sido rejeitada por Volodimir Zelensky.

A delegação, liderada pelo presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, propôs na sexta-feira na capital ucraniana interceder para apaziguar o conflito e pediu "uma desescalada de ambos os lados".

O presidente ucraniano rejeitou a proposta, que descreveu como um "engano" de Moscou em meio a uma contraofensiva de suas tropas.

"Autorizar qualquer tipo de negociação com a Rússia, quando o ocupante está em nossas terras, equivaleria a congelar a guerra, congelar a dor e o sofrimento", declarou o presidente em entrevista coletiva conjunta com líderes africanos em Kiev.

A Otan elogiou essa mediação, mas alertou que apenas uma solução "justa" que reconhecesse a agressão russa funcionaria.

Putin, por sua vez, insistiu na sexta-feira que a contraofensiva não tem "nenhuma chance" de sucesso e não estava atingindo nenhum de seus objetivos.

- "Vergonha do povo judeu" -

Acusando novamente a Ucrânia de estar nas mãos de "neonazistas" para justificar a sua operação militar, o presidente russo disse que o seu homólogo ucraniano, de confissão judaica, é uma "vergonha" para aquele povo.

"Tenho muitos amigos judeus desde a minha infância. E eles me dizem que Zelensky não é judeu, mas a vergonha do povo judeu. Não estou brincando", disse Putin em um fórum econômico em São Petersburgo, ao qual a AFP não teve acesso por não estar credenciada.

A delegação africana é composta, além de Ramaphosa, pelo presidente senegalês, Macky Sall; o de Zâmbia, Hakainde Hichilema; e representantes congoleses, ugandenses e egípcios.

Em Kiev, logo após a chegada da comitiva africana na sexta-feira, um ataque com mísseis russos deixou pelo menos sete feridos, segundo a polícia.

"Os mísseis russos são uma mensagem para a África: a Rússia quer mais guerra, não paz", tuitou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

O continente africano foi duramente afetado pelo aumento dos preços dos alimentos, em decorrência da crise desencadeada pela oferta de grãos ucranianos e fertilizantes russos.

Putin tenta apelar aos líderes africanos, argumentando que a Rússia está lutando contra o imperialismo ocidental.

"O sistema internacional neocolonial (...) deixou de existir e o mundo multipolar, pelo contrário, está reforçado", disse o presidente na sexta-feira.

- "Sucesso relativo" -

A proposta de mediação africana coincide com o lançamento da contraofensiva das tropas ucranianas para tentar recuperar as áreas ocupadas pela Rússia desde a sua invasão, em fevereiro de 2022.

Moscou reitera que esta ofensiva é um fracasso, e Kiev garante que libertou um grupo de cidades e cem quilômetros quadrados de território, especialmente na frente sul.

"As forças ucranianas continuam realizando operações ofensivas e defensivas com relativo sucesso", disse Ganna Maliar, vice-ministra da Defesa da Ucrânia, na sexta-feira.

Em Bakhmut, no leste, "nossas tropas estão realizando ofensivas, tomando áreas de altitude e áreas de floresta para gradualmente expulsar o inimigo", acrescentou.

Esta informação não pôde ser verificada por fontes independentes no momento.

Segundo analistas militares, a Ucrânia ainda não lançou o grosso de suas tropas em sua contraofensiva e está testando os pontos fracos da defesa russa.

Putin anunciou na sexta-feira que a Rússia começou a transferir armas nucleares para o território aliado de Belarus.

"As primeiras ogivas nucleares foram transferidas para o território bielorrusso. São apenas as primeiras, mas antes do final do verão concluiremos o processo", afirmou.


FONTE: Estado de Minas


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO