Noite turbulenta em Marselha com ‘polícia por toda parte’

01 jul 2023
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Os manifestantes lançam projéteis contra os veículos policiais. Os agentes respondem com bombas de gás lacrimogêneo. Jovens mascarados saqueiam lojas. Marselha, a segunda maior cidade da França, viveu uma noite turbulenta nesta sexta-feira (30), apesar do envio de reforços policiais significativos.

Por volta da meia-noite, a polícia já havia efetuado 87 detenções. Pouco depois, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou o envio de "reforços importantes" para esta cidade portuária na costa sul da França.

Após uma noite marcada por cenas de violência, a polícia proibiu uma marcha em memória de Nahel, de 17 anos, e as autoridades interromperam o transporte público às 19h00 locais (14h00 de Brasília).

No entanto, grupos de jovens "muito móveis", muitos com o rosto coberto, reuniram-se de qualquer maneira no centro da cidade, especialmente na Canebière, uma avenida que leva ao Porto Velho da cidade.

Em certo momento, tudo explodiu. Entoando o cântico "todo mundo odeia a polícia", um grupo se aproximou dos veículos policiais e alguns começaram a lançar projéteis contra os veículos.

A polícia respondeu com tiros de gás lacrimogêneo e os jovens se dispersaram, escapando por becos adjacentes e iniciando uma espécie de jogo de gato e rato, constataram os repórteres da AFP.

Do lado da rua, um jovem silencioso exibe uma placa de papelão: "Em memória de Nahel". "Estamos furiosos com o que aconteceu com Nahel", dizem duas garotas que se juntaram ao protesto, mas não participaram dos atos violentos.

De vez em quando, grupos de jovens passam correndo, com roupas novas ainda em cabides ou com etiquetas de "promoção" presas. Algumas lojas estão sendo saqueadas, constata um fotógrafo da AFP.

A prefeitura de polícia informa que também foram roubadas algumas armas de caça, mas sem munição.

- "Polícia por toda parte" -

A poucos metros dali, no início da noite, pescadores pacientes observam suas varas penduradas no Porto Velho e um casal compartilha uma pizza com o olhar perdido no mar.

Dois jovens turistas londrinos, Sam e Emily, de 19 anos, dizem estar "chocados".

"Acabamos de chegar e há policiais por toda parte, tensão, é estranho", explica o casal, que prefere não fornecer seus sobrenomes, enquanto procuram um lugar aberto para comer neste bairro onde muitos restaurantes optaram por fechar com medo de distúrbios.

A imagem de cartão-postal é quebrada de repente pelo barulho de gritos e pelo lançamento de bombas de gás lacrimogêneo. Em uma rua próxima, pequenas pilhas estão pegando fogo: lixo, papelão e patinetes elétricos pelos quais passa em alta velocidade um veículo das forças de elite da polícia.

No ar, um helicóptero da gendarmeria e um avião da polícia se revezam para monitorar os distúrbios do céu.

Com o avançar da noite, os grupos se deslocam em direção a um grande centro comercial da área, enquanto outros se dirigem aos bairros populares do norte que o presidente Emmanuel Macron visitou dias atrás.

Em um desses bairros, muitas vezes esquecidos, um incêndio "ligado aos distúrbios" está queimando um grande supermercado, afirma uma fonte policial. O fogo está "generalizado" e os bombeiros deslocaram recursos consideráveis para extinguir as chamas, garantem.

"Em Marselha, as cenas de saques e violência são inaceitáveis", tuitou o prefeito esquerdista Benoît Payan, pedindo o envio de reforços, o que foi aceito pelo governo posteriormente.


FONTE: Estado de Minas


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