PBH revê estratégias para concessão do zoológico

24 out 2023
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Ficou mais longe de virar realidade a concessão à iniciativa privada do zoológico da capital. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, ontem, que o processo está suspenso por prazo indeterminado, e que somente “após a compreensão dos motivos de a licitação ter sido deserta, será possível estabelecer qual a estratégia a ser tomada”. Deserta, no caso, quer dizer falta de interessados em administrar o equipamento localizado na Região da Pampulha.

Conforme o Estado de Minas mostrou em reportagem recente, os admiradores e frequentadores do zoo, sob gestão da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) de Belo Horizonte, pedem melhoramentos para dotar o local de novos serviços, receber mais animais e torná-lo mais acolhedor. Já especialistas afirmam ser preciso repensar o próprio conceito de zoológico.
Pesquisadora do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a professora Regina Duarte tem amplo estudo sobre os zoológicos da América Latina. “Zoológico de entretenimento não cabe mais no nosso mundo. Zoológico não é álbum de figurinha, tem que ter um animal de cada tipo. Eles cumprem a função educacional. Nenhum zoológico, hoje, serve para exibir animais”, avalia.
A atuação do zoológico, segundo a professora Regina, precisa se fundamentar no tripé educação ambiental, pesquisa e conservação. Assim como as universidades, o zoológico precisa ser visto como investimento, espaço de conservação e pesquisa, ressalta. “A manutenção é cara. Ele não pode ser pensado somente como gasto. É um espaço importante de educação e pesquisa.”. O zoológico de BH é casa de vários animais da fauna brasileira, alguns até mesmo ameaçados de extinção, como a arara-azul e o lobo-guará.
Regina Duarte avalia que a falta de interesse privado na concessão do espaço pode estar atrelada a baixa perspectiva de lucro. A tendência e a preocupação, segundo ela, é de que a prefeitura acabe relaxando as exigências do edital e entregue o equipamento por um preço muito abaixo. O lance mínimo previsto era de R$ 720 mil.
Inaugurado em 1959, o Zoológico de Belo Horizonte entrou em sintonia com os ideais de progresso e modernização da capital desde a criação do conjunto arquitetônico da Pampulha, associado a uma expectativa de espaços de entretenimento de uma capital moderna e ao ideal de “Cidade Jardim". “Os animais viviam ali muito mal nos anos 1960. As instalações eram totalmente inadequadas”, avalia a pesquisadora.

“Com o passar das décadas, os profissionais vinculados à instituição conferiram-lhe novos significados, transformando-a profundamente”, diz a pesquisadora, que aponta uma perda na extinção da Fundação Zoobotânica, em 2017, e incorporação da gestão do Jardim Zoológico à FPMZB, em uma nova estrutura que passou a abrigar 75 parques, cemitérios e centros de vivência agroecológica

MAIS SERVIÇOS
Em reportagem publicada pelo Estado de Minas em setembro, visitantes do interior mineiros deram sugestões para melhoria do equipamento. Uma família de Ouro Branco, na Região Central de Minas, procurou pela praça de alimentação. “Procuramos por uma hora e não encontramos", disse o metalúrgico Genival Campos Júnior, ao lado da mulher, Flávia Campos, bancária, e dos filhos Elisa, de 4 anos, e João Lucas,  de 1. Eles gostariam de almoçar num restaurante no zoológico, onde só há trailers. "É um passeio muito bom, e gostaríamos de um self-service", contou Genival.
Um visitante que não quis se identificar citou alguns problemas no Zoo. "A vegetação está descuidada, há placas de identificação (dos bichos) trocadas." n 

FONTE: Estado de Minas

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