Serra do Rola Moça é o novo ponto de desova de cadáveres?

18 set 2023
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Os dois corpos encontrados nesse fim de semana na Serra do Rola Moça traz de volta lembranças do tempo em que havia pontos de desova de cadáveres na Grande BH. 

No sábado (16/9), foi achado o corpo de Ítalo Gabriel Mendes de Souza, de 19 anos, num ponto de mata incendiada. O corpo estava parcialmente queimado. Ontem, os Bombeiros encontraram uma ossada em local próximo ao da descoberta do dia anterior.

Com essas duas ocorrências, já são três os corpos no mesmo local somente este ano. O outro tinha sido uma ossada, com sinais de violência, em maio último, o que faz a Serra do Rola Moça transformar-se em motivo de preocupação para a Polícia.

Durante os “Anos de Chumbo”, o “Esquadrão da Morte” agia como um tribunal livre, que decidia pela morte e pela vida daqueles que incomodavam a polícia e na política.

Eram dois braços do esquadrão, “Bombril” e “Cravo Vermelho”, ambos formados por homens da área de segurança. A cada corpo jogado em matas ou lotes vagos, os recados dados pelos grupos de extermínio eram uma esponja de aço e uma flor.

A maioria dos corpo era encontrada no Vale do Sereno, em Nova Lima. Mas havia outros pontos - um deles, o Palmares, na Região Nordeste da Capital, antes que o bairro se transformasse em área residencial. Qualquer lote vago servia para a desova de corpos, principalmente na Renascença e Concórdia, ambos na mesma região.

Fora de Belo Horizonte, Caeté e Sabará são cidades que também recebiam corpos desovados. De preferência, lotes com matagal, nunca com vegetação rasteira, que poderiam tirar o anonimato dos autores.

Como funcionava

Muitas vezes, um ou outro policial que não concordava com o modo de agir desses grupos ligava para um repórter e anunciava o local onde estaria um corpo desovado, vítima do esquadrão.

Certa vez, uma equipe do jornal Estado de Minas se deslocou para o ponto indicado pelo informante, no Vale do Sereno. A equipe chegou lá, e o repórter começou a circular, em busca do corpo anunciado.

Pouco tempo depois, um carro da Polícia Civil e outro da Polícia Militar pararam no local. Os policiais questionaram o repórter sobre o que ele estava fazendo ali. Explicou que tinha recebido a informação de que haveria um corpo naquele local.

Os policiais, sem pestanejar, disseram que estavam fazendo o mesmo, procurando um corpo. Ficaram ali toda a manhã e parte da tarde, mas nada de encontrarem o corpo.

No dia seguinte, um contato da Polícia Civil informou que havia sido encontrado um corpo, “estranhamente” no mesmo local passado pelo informante, no dia anterior.

E agora?

A diferença, hoje, é que as desovas estariam sendo feitas, segundo uma fonte da Polícia Civil, pelo tráfico de drogas, e seu “tribunal do crime”, que julga quem estaria descumprindo ordens e agindo contra a gangue do tráfico.

No local onde os corpos foram encontrados, poucos minutos antes de o incêndio ser notado, foram vistos dois carros saindo em alta velocidade. As suspeitas da polícia são de que os criminosos sejam ligados a traficantes, cumprindo ordens do comando.

As suspeitas são sustentadas pelo fato de que a vítima identificada, Ítalo, ter sido preso, várias vezes por tráfico de drogas. Seria então uma desova referente ao acerto de contas.

 


FONTE: Estado de Minas

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