Universidade de Berlim enterra ossos que pertenciam a instituto nazista

23 mar 2023
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Uma universidade de Berlim, na Alemanha, sepultou, durante uma cerimônia, nesta quinta-feira (23), milhares de ossos humanos encontrados em escavações realizadas em seu terreno que podem fazer parte de coleções "científicas" nazistas.

A maioria dos fragmentos data de pelo menos dois séculos e pertencia a pelo menos 54 homens, mulheres e crianças.

Os especialistas determinaram que foram obtidos em "contextos criminais", principalmente do período colonial, embora não descartem que em alguns casos poderiam se tratar de "crimes nazistas".

Os fragmentos foram colocados em cinco caixas de madeira e enterrados sob uma lápide em um cemitério no oeste da capital alemã, em uma cerimônia organizada pela Freie Universität Berlin.

"Em memória das vítimas dos crimes cometidos em nome da ciência", diz o epitáfio sobre a lápide retangular, rodeada de coroas de flores.

"Há atrocidades sobre as quais não pode nem deve crescer a grama. É nosso dever lembrar", declarou Guenter Ziegler, presidente da universidade, diante de um grupo de 40 pessoas.

Os primeiros fragmentos ósseos, alguns do tamanho de uma unha e outros de até 12 centímetros, foram descobertos em 2014, quando estavam sendo realizadas obras na propriedade.

Nos dois anos seguintes, mais 16 mil fragmentos foram encontrados em escavações arqueológicas. Além de ossos humanos, havia restos de esqueletos de ratos, coelhos, porcos e ovelhas.

No local onde foram achados os ossos, funcionava o Instituto Kaiser Wilhelm de Antropologia, Herança Humana e Eugenia (KWIA), fundado em 1927.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o instituto se tornou um centro importante para os cientistas nazistas, entre eles Josef Mengele, conhecido por seus experimentos com prisioneiros no campo de concentração de Auschwitz.

Restos de cola e algumas inscrições sugerem que os ossos eram parte das coleções do instituto.

Depois de consultar grupos que representam as supostas vítimas, a universidade decidiu que, em respeito a elas, não realizaria mais investigações sobre os fragmentos.

Ordená-los por categorias "segundo as diferentes fontes, os diferentes crimes e as diferentes partes do mundo" de onde provinham acarretaria o risco de repetir a história, explicou Ziegler à AFP antes da cerimônia.


FONTE: Estado de Minas


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