Combates entre Exército e paramilitares deixam cerca de 200 mortos no Sudão

17 abr 2023
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Mais de 180 pessoas morreram e cerca de 1.800 ficaram feridas no Sudão devido aos intensos combates que começaram há três dias entre o Exército e um poderoso grupo paramilitar, informaram as Nações Unidas nesta segunda-feira (17).

Pelo menos dois hospitais da capital foram evacuados "enquanto foguetes e balas crivavam suas paredes", disseram os médicos, que alegam ter ficado sem bolsas de sangue e material para cuidar dos feridos.

Desde sábado, a cidade, de onde sobem colunas de fumaça, está envolta por um cheiro de pólvora. Seus habitantes estão entrincheirados em suas casas, a maioria sem água encanada ou eletricidade.

"A situação é muito instável. É difícil afirmar para onde pende o equilíbrio", afirmou o chefe da missão da ONU no país, Volker Perthes, em Cartum.

Nenhuma das partes divulgou suas baixas.

O sindicato oficial de médicos havia contabilizado anteriormente ao menos 97 civis mortos, cerca de metade em Cartum, além de "dezenas" de combatentes. Também contou 942 feridos.

Os Estados Unidos e o Reino Unido pediram nesta segunda-feira o "fim imediato" da violência, como já fizeram a Liga Árabe e a União Africana.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu aos dois generais que "parem imediatamente com as hostilidades", já que podem ser "devastadoras para o país e toda a região".

O conflito envolve o comandante do Exército, general Abdel Fatah al Bur, líder de fato do país, e seu número dois, o general Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como "Hemedti", comandante das Forças de Apoio Rápido (FAR).

Em outubro de 2021, eles se juntaram para dar um golpe que tirou os civis do poder.

Desde o sábado (14), intensos tiroteios não param e a aviação tem como alvo, no coração de Cartum, o quartel-general das FAR, um grupo de ex-milicianos que participaram da guerra na região de Darfur e posteriormente se tornou o reforço oficial do exército.

"Burhan está bombardeando civis, vamos caçá-lo e levá-lo à Justiça", disse o general Daglo no Twitter.

O Exército afirmou no Facebook que "o momento da vitória final está muito próximo".

- Cortes de eletricidade em hospitais -

Nesta segunda-feira, ainda era impossível dizer quem controla o quê.

As FAR alegam terem tomado o aeroporto e entrado no palácio presidencial, o que o exército nega.

Por sua vez, o Exército afirma controlar o quartel-general de seu Estado-Maior, um dos principais complexos de poder em Cartum.

A televisão estatal, depois de dois dias de combates nas suas imediações, transmite agora imagens e declarações do Exército, que afirma ter recuperado terreno em muitos lugares.

Médicos e organizações humanitárias alertaram que em algumas áreas de Cartum a eletricidade e a água estão cortadas e que há interrupções de energia nas salas de cirurgia.

Os pacientes, alguns deles crianças, e suas famílias "não têm comida nem água", declarou uma rede pró-democrática de médicos.

Dois gregos ficaram feridos em Cartum e cerca de 15 pessoas estão escondidas na igreja ortodoxa da cidade, impossibilitadas de sair por causa dos combates, disse o arcebispo metropolitano de Núbia e de todo o Sudão, monsenhor Savvas, que está dentro da igreja.

A ONU, que propôs uma trégua humanitária de algumas horas no domingo, declarou-se "extremamente decepcionada" com o desrespeito dos beligerantes e denunciou nesta segunda-feira a "intensificação dos combates".

- Combates em toda a cidade -

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) suspendeu a ajuda no domingo após a morte de três membros de sua equipe nos combates da província de Darfur (oeste), apesar de mais de um terço dos 45 milhões de sudaneses precisar de ajuda humanitária.

"Esta é a primeira vez na história do Sudão desde sua independência (em 1956) que se observa tal nível de violência no centro de Cartum", declarou à AFP Kholood Khair, fundadora do centro de pesquisas Confluence Advisory, em Cartum.

A capital "sempre foi o lugar mais seguro do Sudão", mas agora "há combates por todos os lados, inclusive em áreas densamente povoadas, porque os beligerantes acreditam que um alto número de civis mortos deterá o outro lado", acrescentou.


FONTE: Estado de Minas


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