Um terço dos hospitais filantrópicos do Sul de Minas passam por problemas financeiros, aponta federação

15 set 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Comissão da Câmara dos Deputados visita centros de saúde no Sul de Minas. Comissão de deputados faz visita a hospitais no Sul de Minas

Quase um terço dos hospitais filantrópicos do Sul de Minas estão com problemas financeiros. As informações são da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais.

📲 Participe da comunidade e receba no WhatsApp as notícias do Sul de MG

Uma comissão da Câmara dos Deputados está na região para visitar os centros de saúde. O objetivo é buscar ações que possam tirar as instituições do vermelho.

A visita desta sexta-feira (15) foi no Hospital Samuel Libânio, em Pouso Alegre, entidade filantrópica que atende mais de 191 municípios. O objetivo dos deputados é entender as necessidades dos centros de saúde sul-mineiros.

"Nós viemos aqui para mostrar duas realidades. A realidade de um hospital geral como é o Samuel Libânio, com toda sua grande estrutura e nós estivemos ontem em Cambuí e Ouro Fino, para mostrar a dificuldade dos pequenos hospitais. Esses pequenos hospitais precisam funcionar para desafogar o grande hospital geral que é o Samuel Libânio", disse o deputado estadual Rafael Simões (União Brasil).

Comissão de deputados visita hospitais do Sul de Minas

Reprodução EPTV

Ao todo, três instituições passam pela vistoria da Comissão de Saúde da câmara.

"A questão é discutir com os prefeitos como está a atenção básica, porque se a atenção básica funcionar bem, diminui a carga dos grandes hospitais, então são duas coisas que têm que andar juntas", disse o deputado federal do PL, Osmar Terra.

Segundo um levantamento da Federação das Santas Casas e dos Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais, a Federassantas, o Sul de Minas tem 81 instituições que fazem atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Dessas, 26 passam por problemas financeiros e precisam de empréstimos para se manter. A situação preocupa e acende um alerta para a necessidade de mudanças nos repasses feitos pelo governo.

"Essas instituições recebem uma tabela do poder público para prestar serviços, que não obedecem os custos dos serviços. Então no decorrer do tempo, a situação foi se tornando crônica. Essas instituições por não conseguirem fazer frente às despesas básicas das prestações de serviços, acumularam dívidas de toda sorte, com bancos, com fornecedores, infelizmente precarizam a relação até com os trabalhadores", disse a presidente da Federassantas, Kátia Rocha.

Comissão da Câmara dos Deputados visita centros de saúde no Sul de Minas.

Reprodução EPTV

Segundo o Ministério da Saúde, os recursos para os serviços de alta e média complexidade são disponibilizados pelo governo federal, através do Fundo Nacional de Saúde, FNS. Mas os valores repassados nem sempre cobrem todos os custos.

"Se hoje nós conversarmos com qualquer concessionária ou permissionária do serviço público, nós vamos ver que elas têm atualização monetária anual dos seus ajustes e esses hospitais, que desde a criação do SUS, já passamos de 30 anos, sempre atenderam e majoritariamente, é importante dizer que os hospitais beneficentes, as santas casas, hospitais filantrópicos, eles atendem em média 80% no nosso estado, das suas capacidades ao Sistema Único de Saúde, ou seja, é o maior comprador do serviço da instituição e que não dá à instituição a oportunidade de precificar os seus serviços e muito menos minimamente uma atualização monetária", completou a presidente da Federassantas.

Entre os hospitais que passam por dificuldades na região está o Alzira Velano, em Alfenas. Quase 90% dos atendimentos são pelo SUS. A verba recebida do governo é enviada diretamente aos cofres do município, mas segundo o vice-diretor da instituição, o dinheiro não é repassado integralmente e a dívida da prefeitura com o hospital chega a mais de R$ 40 milhões.

"É algo que muitas vezes pode inviabilizar algum atendimento e a gente está falando de 8 mil cirurgias por ano e mais ou menos 1,2 milhão de atendimentos por ano, então o impacto pode ser muito grande na assistência. A gente não atende só Alfenas. A gente atende uma grande região, são mais de 1 milhão de pessoas, que podem em algum momento ter alguma dificuldade de atendimento pela falta de repasses", disse o vice-diretor do Hospital Alzira Velano, José Sérgio Tavela.

Outra instituição que também defende o reajuste dos repasses é o hospital de Três Corações. A entidade, mantida pela Fundação Hospitalar São Sebastião, chegou a ter um déficit de R$ 5 milhões. Um empréstimo foi feito para quitar a dívida, mas as parcelas de R$ 100 mil por mês têm sido um grande desafio para os gestores.

Hospital São Sebastião, em Três Corações (MG)

Reprodução/EPTV

"O SUS remunera um leito de UTI por exemplo no Hospital São Sebastião, R$ 600 a diária, durante a pandemia era R$ 1,2 mil e o custo desse leito é muito além de R$ 700 a diária. Um exemplo simples é uma tomografia do abdômen, por exemplo, que o SUS remunera R$ 138 e só o contraste que é usado nela custa R$ 204. Então, na verdade, a gente paga para trabalhar, porque a tabela SUS não é revisada, então a gente tem essa dificuldade e então onera às vezes o município, que acaba tendo que ajudar, o município, o Estado", disse o vice-presidente da Fundação Hospitalar São Sebastião, Vanderlei Toledo.

Segundo os deputados, a comissão de saúde busca por emendas parlamentares que possam salvar a situação financeira nos hospitais.

"A ideia é que a gente consiga expandir uma metodologia correta de administração para esses hospitais como forma de colaboração", completou o deputado Rafael Simões.

Mas quem trabalha na administração dessas instituições acredita que somente as emendas não serão suficientes para equilibrar as contas dos hospitais.

"Nós precisamos de um pacote de recursos que atenda o custo minimamente, nem falo de preço, porque quando a gente entra numa loja a gente pergunta o preço da roupa e não quanto custou para fazer a roupa. Os hospitais estão satisfeitos se receberem minimamente o custo, porque se receberam o custo, a gente acaba com essa geração de endividamento que tanto nós sofremos e precariza", completou a presidente da Federassantas.

Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas


FONTE: G1 Globo


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO