A música brasileira está viva e em movimento porque o tempo não para e cada geração tem os próprios ídolos

11 set 2023
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Ataques a Marina Sena e Luísa Sonza são incapazes de mudar o curso da história do pop nacional porque, como sentenciou Belchior, o novo sempre vem. ♪ OPINIÃO – Nesta segunda-feira, 11 de setembro, Marina Sena rebateu em rede social as críticas recebidas de quem apontou defeitos no show em que a cantora mineira deu voz ao repertório de Gal Costa (1945 – 2022) em apresentação feita ontem, na cidade de São Paulo (SP), no último dia do festival The Town.

“...Não tenho sobrenome, não tinha dinheiro, influência, não tinha absolutamente nada. Não havia nenhum motivo pra eu estar aqui a não ser minha própria coragem, dedicação, autenticidade e talento. Vocês que se mordam!”, disparou Sena para os haters.

Um tempo depois, Luísa Sonza entrou na discussão, também por meio de rede social, e defendeu a colega. Aliás, os colegas de geração.

“Estamos criando uma nova geração de novos grandes nomes da música brasileira, mas o que vocês conseguem é só diminuir e se recusam a enxergar o que já está escancarado na cara de vocês. A música brasileira tá viva, tá diversificada, tá com referência, tá foda. Vocês não admitirem isso, por enquanto, não vai impedir todos nós de fazermos história”, argumentou Sonza, incisiva, elencando em seguida nomes como Jão, Pabllo Vittar, Iza, Ludmilla, Anitta e Gloria Groove, além da própria Marina Sena.

Luiza Sonza tem razão. A música brasileira está viva e todos os nomes mencionados pela artista gaúcha já têm os nomes garantidos na história do pop nacional. Toda essa discussão em rede social é fruto de referências distintas de música brasileira.

Para quem cresceu ao som da MPB, e tem como parâmetro os altos padrões dessa música gerada na plataforma dos festivais na segunda metade dos anos 1960, Marina Sena jamais alcançará o nível vocal de Gal Costa como cantora – até porque Gal é uma matriz na história do canto feminino brasileiro. Isso, contudo, jamais tira o mérito das conquistas de Marina Sena, cantora seguida com fervor por público jovem.

É isso que precisa ser entendido pelos defensores mais radicais da MPB. O tempo não para. O novo sempre vem, como sentenciou Belchior (1946 – 2017) em verso de Como nossos pais (1976), e cada época da música brasileira gera os próprios ídolos.

E, sim, os popstars de hoje podem conviver em harmonia com ícones da MPB e até tê-los como referência sem que precisem ser diminuídos por isso. Luísa Sonza fez, sim, uma bossa nova. Jão, por exemplo, já declarou publicamente a influência de Cazuza (1958 – 1990). O trapper Matuê fez questão de encontrar Ney Matogrosso nos bastidores do The Town para elogiar o cantor.

Marina Sena sustenta que Gal Costa é a maior referência musical da vida dela. E nem por isso deve ser vista como a “nova Gal” porque não haverá outra Gal. Assim como inexistirá outro Caetano Veloso, outra Maria Bethânia, outro Chico Buarque, outro Milton Nascimento, outro Gilberto Gil.

Como a vida, a música brasileira está sempre em movimento. Hoje Marina Sena representa esse novo que sempre vem. Amanhã, talvez, ela própria seja a referência de estrelas que ainda hão de brilhar no céu da música brasileira.

Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. E todo mundo tem o direito de se manifestar com respeito sobre um show ou disco. Mas é preciso entender e aceitar esse movimento da vida, e da música, para evitar ataques e discussões a rigor estéreis pela incapacidade de mudar o curso contínuo da história.


FONTE: G1 Globo


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