Carlos Lyra, ‘formidável compositor’, chega aos 90 anos já além da bossa nova

11 maio 2023
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“Grande melodista, desenhista, harmonista, rei do ritmo, da síncope, do desenho, do desenho, da ginga, do balanço, da dança, da lyra. Lyrista e lyricista, romântico de derramada ternura, nunca piegas, lacrimoso ou açucarado. Formidável compositor”.

♪ As elogiosas palavras acima foram escritas por ninguém menos do que Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) para falar de Carlos Lyra, o realmente formidável compositor carioca que chega hoje aos 90 anos. Cantor, compositor e violonista nascido em 11 de maio de 1933, Lyra nem precisaria do aval de Jobim, autor do texto que apresentou o artista em songbook editado em 1993 com a obra do colega.

Basta ouvir três das mais famosas parcerias do compositor com o poeta Vinicius de Moraes (1913 – 1980) – Marcha da quarta-feira de cinzas (1963), Minha namorada (1964) e Primavera (1964) – para ficar evidente que Carlos Lyra sempre soube os caminhos das melodias desde que fez a primeira composição, Quando chegares, em 1954.

Revelado em disco na voz de Sylvia Telles (1935 – 1966), cantora que gravou Menino em 1956, Lyra é – ao lado do octogenário Roberto Menescal – um dos últimos compositores remanescentes do movimento rotulado como Bossa Nova. A bossa que ele tornou engajada nos anos 1960 após ter tido o aval inicial de João Gilberto (1931 – 2019), cantor que gravou Maria ninguém e Lobo bobo – standard da parceria de Lyra com Ronaldo Bôscoli (1928 – 1994) – no álbum Chega de saudade (1959).

No mesmo ano de 1959, Lyra lançou o primeiro álbum, sintomaticamente intitulado Bossa nova. Mas já no ano seguinte a ideologia social e política do artista começou a saltar aos ouvidos. Em 1960, o compositor já criou a trilha sonora da peça A mais valia vai acabar, seu Edgar (1960), texto do também engajado dramaturgo e diretor paulistano Oduvaldo Vianna Filho (1936 – 1974), o Vianinha.

Sem se intimidar com o referencial passado como compositor associado à bossa nova, autor de joias como o samba Influência do jazz (1962), Carlos Lyra renovou o repertório autoral em álbuns posteriores como Eu & elas... (1972) e Herói do medo (1975).

A partir dos anos 1980, por questão mercadológica, o artista aderiu aos periódicos revivals do cancioneiro da bossa nova em discos e shows, fazendo eventuais álbuns de músicas inéditas como Carioca de algema (1994) e o estupendo Além da bossa (2019).

Aos 90 anos, celebrado por grandes estrelas da MPB no álbum coletivo Afeto, Carlos Lyra já está realmente além da bossa nova.


FONTE: G1 Globo


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