Quem é Grag Queen, estrela do ‘Drag Race Brasil’ que leva pop autoajuda ao The Town

31 ago 2023
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Cantora foi vencedora do 'Queen of the Universe' e, agora, apresenta a versão brasileira do reality de drag mais famoso do mundo. A cantora Grag Queen

Divulgação

No fim de 2021, uma disputa entre drag queens deu ao gaúcho Gregory Crescencio da Silva Mohd o título de rainha do universo.

Sua personagem, a Grag Queen, desbancou artistas da Inglaterra, índia, Austrália, França, México, Canadá, Dinamarca, China e Estados Unidos, numa competição pelo prêmio de US$250 mil, cerca de R$1,4 milhão (na cotação da época).

Ficando, assim, conhecida como a vencedora da primeira edição do programa "Queen of the Universe", Grag cravava ali um ponto decisivo para sua carreira. Anos depois, se tornaria a apresentadora do "Drag Race Brasil", versão nacional do americano "RuPaul's Drag Race", o reality de drags mais famoso do planeta.

Lançada nesta semana pelo Paramount+, a versão chega dias antes de Grag se apresentar no The Town, festival inédito que acontece nos dias 2, 3, 7, 9 e 10 de setembro, no Autódromo Interlagos, em São Paulo.

A cantora Grag Queen

Divulgação

Vestida em canela

Com a missão de abrasileirar o reality queridinho da cultura drag, a cantora diz que "Drag Race Brasil" não se limita a simbolismos óbvios atrelados ao país, como "verde-amarelo, futebol e caipirinha", mesmo que os use.

Apesar de ser sua estreia como apresentadora, ela não se mostra preocupada.

"Nunca fui fã de nada, não sou a doida do 'Harry Potter', ou do BTS. Mas sou fã da RuPaul", afirma. "Minha faculdade foi 'RuPaul's Drag Race', então, fiz meu dever de casa."

Aos 28 anos, a artista conta que sua inserção na cultura drag começou tímida. Às escondidas, na verdade.

Nascida em Canela, cidadezinha do Rio Grande do Sul com menos de 49 mil pessoas, ela diz ter tido somente uma referência conterrânea de drag queen, Solange do Goró.

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Quando saíam montadas (usando perucas, maquiagens espalhafatosas e roupas chamativas típicas da cena drag), era tudo no sigilo, afirma Grag.

"A gente está falando do Rio Grande do Sul. Não é novidade dizer que as pessoas [de lá] são extremamente tradicionalistas e conservadoras."

"Canela inteira já tinha me visto vestido de árvore, de gnomo, de tudo, porque eu fazia musicais. Mas quando passei a me vestir de mulher, foi um tabu."

O primeiro passo, ela diz, foi tirar a sobrancelha — parte facial geralmente modificada na maquiagem drag.

Além de olhares de desprezo e violências verbais, Gragory foi submetido a sessões religiosas que tentaram reverter sua sexualidade gay.

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Pop autoajuda

Com 18 anos, a artista se mudou para Nova York, nos Estados Unidos, onde continuou estudando musicais. No retorno ao Brasil, morou em São Paulo por um tempo e, anos depois, na pandemia, retornou à Canela.

Em meio à crise do setor cultural causada pela Covid, Grag recorreu ao TikTok e YouTube para exibir sua arte. Fez covers de Britney Spears, padre Marcelo Rossi e Amy Winehouse. Assim, ganhou milhares de seguidores nas redes.

Grag Queen venceu a 1ª edição do Queen of the Universe

Paramount + / Divulgação

Em 2021, a drag lançou sua primeira música, "Bota Fé", cuja letra, segundo ela, tinha tudo a ver com o momento no qual se encontrava.

"Meu pai e minha mãe foram para UTI [devido à Covid]. Eu não podia fazer nenhum show. Tentava fazer vídeo, mas a gente sabe muito bem que likes nem sempre são monetizantes", diz. "Eu estava me maquiando quando me ligaram para avisar: 'teu pai foi entubado'. Perguntaram se eu queria continuar. E eu disse que era hora de botar fé."

No fim do ano, um casting convidou Grag a participar de um processo seletivo para "Queen of the Universe". O resto dessa história vocês já sabem. Ela passou e venceu a competição. Saiu de lá com US$250 mil na conta bancária.

Conheça os palcos do The Town

Meses depois, Grag Queen, já com o título de rainha do universo, lançou seu primeiro disco, "Desperta". Dançantes, as faixas do EP mesclam elementos do rap, do reagge e do pop.

A obra ressoa como um pop autoajuda, com letras que convidam o ouvinte a acreditar em si e lembram que, ao menos que seja um herdeiro, é preciso levantar da cama e "fazer acontecer".

A make do The Town

Em 2022, a cantora lançou músicas como "Fim de Tarde", que acena ao trap, e "Que Sí Que No", na qual canta ao lado do ex-RBD Christian Chávez, sob ritmos latinos.

Neste ano, veio com seu segundo EP, "Gente Crazy", que inclui o hit "Milkshake", um pop erótico. O disco passeia ainda nas batidas eletrônicas dos anos de 1990, em "Marca Gringa".

Com show marcado para o dia 9, no palco Factory, a gaúcha comemora o fato de não ser a única drag na programação.

"Até brinco, com tanta maquiagem, o The Town está quase virando The Clown ['O Palhaço', em inglês]", diz ela. Além de Grag, estarão lá Pabllo Vittar e Gloria Groove.

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FONTE: G1 Globo


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