Denúncias indicam recrutamento de indígenas venezuelanos para garimpo e tráfico

09 jun 2023
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Preocupados com o garimpo ilegal e suas "repercussões ambientais", líderes indígenas pediram "ações", nesta sexta-feira (9), para proteger a Amazônia venezuelana, afetada pelo tráfico de drogas e grupos guerrilheiros.

"Antigamente vivíamos ao lado do ouro e não dávamos importância, o meio de sustento era o conuco (porção de terra destinada ao cultivo), a pesca, a agricultura, hoje, as pessoas querem seguir por esse caminho de destruição do meio ambiente", disse à AFP Narcisa Pereira, indígena piaroa, membro da comissão que recorreu à Defensoria do Povo.

Grupos de garimpo ilegal proliferam no sul da Venezuela, nos estados de Bolívar e Amazonas, ricos em ouro e outros minerais.

As populações indígenas "não podem ser deslocar livremente por seus territórios, são ameaçadas, obrigadas, principalmente os jovens, a se integrar a grupos clandestinos armados e a participar de atividades ilícitas como narcotraficantes", denunciou Raúl Cubas, coordenador da ONG Observatório para a Defesa da Vida (Odevida).

"Dentro de una mesma família há pessoas que se dedicam ao garimpo ou a trabalhar com os traficantes e estão perdendo os costumes ancestrais", afirmou.

"Há 20 anos, os jovens indígenas seguiam as orientações de seus pais no sentido de defender o território, a água, seus costumes e hoje isso está destruído. É um dano estrutural", acrescentou.

Em 28 de maio, um grupo de indígenas atacou com arcos e flechas uma base militar na floresta amazônica, em um caso que a Força Armada vinculou a uma apreensão de materiais para estas atividades ilegais. Pelo menos 14 pessoas foram detidas.

Os líderes denunciaram também um aumento na região de doenças como câncer de cólon, supostamente pela contaminação de rios com mercúrio, além de um aumento da evasão escolar.

"Quando grupos armado as levam para trabalhar no garimpo, há pessoas que abandonam seus filhos, os filhos ficam com os avós. É muito triste tudo o que está acontecendo", afirmou Pereira.

A Defensoria do Povo, de viés governista, ainda não se pronunciou sobre o documento.


FONTE: Estado de Minas


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