Perdas nas culturas de feijão e milho chegam a 90% e a produção leiteira já teve redução de 30%, aponta relatório da Emater sobre o Norte de MG

13 dez 2023
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Relatório Agroclimatológico, que analisa o período que vai de julho a dezembro, destaca que choveu em média 187 milímetros na região, composta por 89 municípios. Trecho do rio Gorutuba no distrito de Catuni, em Francisco Sá

Emater

Dados levantados pela Emater mostram que a falta de chuvas está causando impactos nas lavouras e pecuária no Norte de Minas Gerais. As perdas nas culturas de feijão e milho, que foram semeadas de outubro até o momento, chegam a 90% e a produção leiteira já teve redução de 30%.

O Relatório Agroclimatológico - que analisa o período que vai de julho a dezembro - destaca que choveu em média 187 milímetros na região, composta por 89 municípios distribuídos nas unidades regionais de Janaúba, Januária, Montes Claros, Salinas e São Francisco. A maior pluviosidade registrada nesse período foi em Montes Claros, 364,8 mm, e a menor foi em Janaúba, 60,8 mm.

“A distribuição das chuvas na região tem sido historicamente de forma irregular, sendo caracterizada pela concentração de chuvas entre os meses de outubro a abril e estiagem entre maio e setembro, porém, este ano, a seca asseverou-se ainda mais e a falta de chuva deverá produzir efeitos deletérios na agropecuária regional. Diante da previsão de veranicos que devem ocorrer entre janeiro e abril do próximo ano e considerando a estiagem prolongada que ocorre de abril a outubro, a situação deverá se tornar mais crítica.”

Segundo a Emater, a seca nestes seis meses se agrava ainda mais por ser uma sequência de um período de estiagem anterior, que ocorria desde janeiro. Com déficit hídrico, não há reposição dos aquíferos e mananciais, o que pode afetar o abastecimento nas comunidades rurais e cidades.

Propriedade rural na região de Januária

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O relatório apresenta ainda outros dados sobre a pecuária: Houve perda de 70% das pastagens semeadas entre outubro e dezembro e os produtores enfrentam dificuldades para manter o pasto que já existia, sendo que atualmente o volume das pastagens equivale a 30% do que era esperado. A Emater destaca ainda que constatou o emagrecimento progressivo do rebanho e a morte de animais devido à seca. Além disso, os criadores enfrentam dificuldades para comercializar o gado, que está com o preço em queda.

“A situação deve se agravar ainda mais nos meses subsequentes de maio a outubro de 2024, podendo haver aumento considerável da mortalidade de animais, queda na produção de leite, falta de água para irrigação, comprometendo do equilíbrio financeiro das propriedades rurais”, destaca o levantamento.

Esse cenário de perdas, de acordo com a Emater, pode trazer consequências drásticas diretamente para a população rural, formada por 540 mil famílias, das quais 170 mil são de agricultores familiares. O relatório enfatiza que a estimativa é de que 20 mil famílias tenham limitação de acesso a alimentos e água potável na região.

“Desde o ano de 2011 o Norte de Minas vem acumulando prejuízos consecutivos com as safras agropecuárias (perda de grãos, hortifrutigranjeiros, redução de plantel do rebanho bovino, perda de pastagens, redução da produção de carne e de leite, redução da produção de florestas plantadas), isso tem causado reflexos negativos nas áreas econômica, social e ambiental, afetando severamente a vida da população rural e urbana.”

A Emater cita o endividamento da população e o desestímulo dos produtores rurais como algumas das consequências das perdas na agricultura e pecuária, uma vez que essas atividades têm importante peso na economia regional.

Lavoura de milho perdida na comunidade de Vila de Fátima, em Brasília de Minas

Emater

Diante da situação constatada, foram propostas as seguintes medidas emergenciais:

Em que pesem as notórias ações emergenciais implementadas pelo poder público através dos seus entes com as políticas públicas, há necessidade de um reforço substancial de recursos financeiros por parte do governo federal para promover ações mais concretas que possam socorrer os municípios, especialmente apoiar os produtores rurais, os agricultores familiares, as comunidades rurais, os povos tradicionais e a população periférica, adotando medidas emergenciais mais consistentes que possam aliviar o sofrimento das populações mais fragilizadas

Fortalecer políticas sociais como o Programa Bolsa Família; distribuição de kit de alimentos frescos da agricultura familiar, distribuição de cestas básicas, são ações sugeridas para este fim

Ampliar a perfuração e instalação de poços tubulares com distribuição de tubos, caixas d’água, sistemas de captação e armazenamento de água comunitários que possa dar segurança hídrica. Promover programas de captação e armazenamento de água de chuva, construção de pequenos e médios barramentos, ampliação de programas de revitalização e manejo integrado de sub-bacia hidrográfica, abertura e limpeza de barraginhas, construção de terraços em curva de nível, subsolagem das áreas de cultura e pastagens, construção de cisternas de placa, calçadões, etc.; ações que podem reforçar a recarga hídrica no solo e mananciais

Apoio emergencial às prefeituras com financiamento de caminhões-pipa, aquisição de patrulhas agrícolas mecanizadas

Às prefeituras recomenda-se a decretação imediata para prorrogação do estado de emergência devido à seca

Aos agentes financeiros oficiais recomenda-se a prorrogação dos prazos e negociação das dívidas dos financiamentos rurais, além de flexibilização dos processos para contratação do crédito rural para fins de convivência com a seca, simplificação nas operações bancarias de custeio pecuário para compra de silagem e ração para alimentação animal, adequação das taxas de juros e alongamento dos prazos para pagamento e em alguns casos, adoção de política de ressarcimento

À liderança política federal recomenda-se medidas provisórias que prorroguem parcelas de financiamentos de crédito rural vencidas e vincendas dos anos de 2023/2024 e aprovação de projetos de lei em caráter de urgência que viabilize crédito rural acessível com maior disponibilização de recursos financeiros subsidiados para agricultores familiares de demais produtores rurais

À Conab recomenda-se a instalação de armazéns estratégicos em outras cidades - Januária, Janaúba, Salinas, ofertando a venda de milho subsidiado

À ALMG recomenda-se indicação de recursos de emenda para ampliar a distribuição de sementes de milho, sorgo o milheto, que são mais adaptadas à região semiárida, kit’s de placas de energia solar fotovoltaicas para atender poços tubulares das comunidades rurais mais isoladas, e ampliar a distribuição de Kit’s de irrigação Irrigaminas para pequenos agricultores que possuem água disponível para baixo consumo para produção de subsistência

Aos órgãos ambientais sugere-se ações de cercamento de nascentes, recuperação de APP, adequação ambiental de estradas, liberação do uso da água dos poços para irrigação de salvamento, através de uso insignificante

À Copasa sugere-se a disponibilização de caminhões pipa para reforçar o atendimento na zona rural

À Cemig sugere-se desburocratizar os processos de instalação de energia elétrica de forma emergencial em poços tubulares comunitários

Ao MDA, sugere-se antecipação das parcelas do “Programa Garantia Safra” para a agricultura familiar

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FONTE: G1 Globo


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