Juzé exalta o orgulho paraibano na costura ardente de música e poesia do show ‘Desabafôlego’

15 set 2023
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Projetado na pele de repentista da novela 'Mar do sertão', artista expõe verve autoral em apresentação feita no Rio de Janeiro com participações de Elba Ramalho, Isadora Cruz e Lucy Alves. Juzé segue roteiro majoritariamente autoral no palco do teatro do Solar Botafogo na estreia carioca do show 'Desabafôlego'

Brunini / Divulgação

Resenha de show

Título: Desabafôlego

Artista: Juzé

Local: Solar Botafogo (Rio de Janeiro, RJ)

Data: 13 de setembro de 2023

Cotação: ★ ★ ★ 1/2

♪ Como tem Zé talentoso na Paraíba! Um deles, Zé Neto, é natural de João Pessoa (PB), atende pelo nome artístico de Juzé e vem emergindo na cena brasileira desde que teve músicas gravadas por Juliette – de quem se tornou parceiro em composições como Cansar de dançar (2022) e Solar (2022) – e, sobretudo, desde que apareceu na novela Mar do sertão (2022) como Totonho, repentista que versava sobre os acontecimentos do próximo capítulo da trama em dupla com Palmito (personagem do conterrâneo Lukete).

No show Desabafôlego, apresentado por Juzé no Solar de Botafogo na noite de quarta-feira, 13 de dezembro, o artista exaltou na cidade do Rio de Janeiro (RJ) o orgulho de ser paraibano na costura abrasiva de música e poesia de roteiro aberto com a performance de dança e poesia de Susy Lopes.

Um dos vocalistas da banda paraibana Os Gonzagas, Juzé se prepara para lançar (já finalizado) EP autoral – pavimentando discografia solo iniciada há dois anos com o single Hey, meu amor (2021) – que, a julgar pela estreia carioca do show Desabafôlego, consolidará carreira iniciada há 20 anos pelo artista na cena de João Pessoa (PB).

Também autoral, o show Desabafôlego expôs a quentura e a verve de repertório em que a força da poesia imagética do cantor, compositor e músico por vezes se sobrepôs às melodias.

Juzé canta e toca com Lucy Alves na estreia carioca do show autoral 'Desabafôlego'

Brunini / Divulgação

De início a sós no palco com o próprio violão, Juzé mostrou na primeira música, O espelho não dorme, parceria com Sharon Luz, que o canto descende da linhagem rascante do pernambucano Alceu Valença enquanto o repertório, povoado por baiões e xotes, ecoa a dinastia do eterno rei Luiz Gonzaga (1912 – 1989).

Já com a banda formada pelo carioca Gabriel Cavalcanti (acordeom e teclados), o paraibano Jefferson Brito (guitarra e direção musical) e o baiano Ricardo Guerra (percussão), Juzé se permitiu evocar a psicodelia nordestina dos anos 1970 em Meio sargaço, meio mato (Juzé).

Na sequência, músicas como o baião Doce confeito mel (Juzé e Pedro Ramos) e o xote Lapada na cabeça (Juzé e Pedro Ramos) foram reiterando a personalidade do artista. A sedução de Teu beijo (Juzé) desaguou na eletricidade de Boca blues (Juzé) e na graciosidade de Podrão depois do fim (Juzé), número ao qual se seguiu o xote Mastigado (Juzé).

A canção Quarentena (Juzé), gerada com a angústia do isolamento social, foi aditivada com citação de Pra não dizer que não falei de flores (Geraldo Vandré, 1968), dando ao roteiro um traço mais explicitamente emotivo.

A partir deste número, Juzé abriu espaço no roteiro para adesões de artistas amigos, sentados na plateia fraterna. Potiguar residente em São Paulo (SP), o tecladista Marco França mostrou habilidade ao criar requintada trama harmônica que evoluiu para Lamento sertanejo (Dominguinhos e Gilberto Gil, 1973).

Juzé e Elba Ramalho se afinam no canto de 'Béradero', música de Chico César, em número feito sem ensaio no show 'Desabafôlego'

Brunini / Divulgação

Por ser de lá, do nordeste do Brasil, Juzé estava em casa com amigos conterrâneos como Lucy Alves, convidada a subir ao palco do teatro do Solar Botafogo para tocar sanfona e dividir o canto de Livre arbítrio (Juzé e Helinho Medeiros) com Juzé em dueto bisado com a lembrança de À primeira vista (1995), canção emblemática do arretado paraibano Chico César.

Na sequência, Touchscreen (Juzé) reiterou a verve do cancioneiro autoral de Juzé antes de a atriz Isadora Cruz, nascida em João Pessoa (PB) e projetada como protagonista da novela Mar do sertão, entrar em cena para recitar o poema Panos de prato, de Juzé.

E por falar em poesia, versos do repentista paraibano Zé Limeira (1886 – 1954) ecoaram na voz de Juzé após o cantor energizar o roteiro com Puto com o Spotify (Thyego e Sandro).

Chamada ao palco sem ter ensaiado, sem prévia combinação, Elba Ramalho também injetou energia no show após improvisar Béradero (Chico César, 1991) e, em seguida, repisar Chão de giz (Zé Ramalho, 1978). Saiu do palco merecidamente ovacionada pela plateia.

Depois foi a vez de Juzé seguir a pisada do baião Fé em quem me deu valor (Juzé e Felipe Alcântara) antes de arrematar o show com o brado orgulhoso de outro baião, Nordeste destino (Juzé).

Mesmo que a apresentação tenha se alongado (foram cerca de duas horas e meia) pelas recorrentes interações do artista com a plateia de amigos, a estreia carioca do ardente show Desabafôlego no Solar Botafogo deixou evidente o talento deste Juzé da Paraíba que começa a conquistar o Brasil.

Juzé canta músicas autorais como o xote 'Mastigado' e o baião 'Nordeste destino' no show 'Desabafôlego'

Brunini / Divulgação


FONTE: G1 Globo


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