Orquestra Imperial reverencia Rita Lee em baile-show com fidelidade ao espírito folião da artista

14 ago 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Big band carioca anima o público do festival 'Doce maravilha' ao abordar músicas gravadas pela roqueira paulistana nas décadas de 1970 e 1980. Orquestra Imperial toca músicas gravadas por Rita Lee entre os anos 1970 e 1980 em show no festival 'Doce maravilha'

Gabriel Siqueira / Divulgação Festival Doce maravilha

♪ DOCE MARAVILHA – Já são numerosos os shows em tributo a Rita Lee Jones (31 de dezembro de 1947 – 8 de maio de 2023), eterna primeira dama do rock brasileiro. A maioria tem caráter nitidamente mercantilista.

O show estreado pela Orquestra Imperial na noite de ontem, 13 de agosto – dentro da programação do segundo e último dia do festival Doce maravilha, montado com curadoria de Nelson Motta – escapa da sanha necrófila.

A big band carioca deu um baile ao apresentar show reverente ao espírito folião do rock pop da cantora e compositora paulistana morta há três meses. Até porque, na fase pop com Roberto de Carvalho, mote do roteiro calcado em sucessos, Rita fez música que caracterizava acertadamente como “rock Carnaval”.

Estruturado por Felipe Pinaud, maestro da banda, o show Orquestra Imperial toca Rita Lee faz esse Carnaval com figurinos alusivos à indumentária da artista e com arranjos decalcados das gravações originais da discografia da cantora – o que ficou evidente desde o primeiro número, Chega mais (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1979), música cantada pela vocalista Nina Becker.

Cantora que conquistou o coro do público com abordagem precisa da canção Ovelha negra (Rita Lee, 1975), interpretada com a vocalista sentada na beira do palco em número turbinado com a clonagem do antológico solo do guitarrista Luiz Carlini na gravação original do álbum Fruto proibido (1975), Nina Becker se revezou com Emanuelle Araújo, Matheus VK, Moreno Veloso, Rodrigo Amarante e Rubinho Jacobina no canto das músicas de repertório quase sempre lapidar.

Uma ou outra música, caso do blues-rock Cartão postal (Rita Lee e Paulo Coelho, 1975), soou fora do clima descontraído do show – no caso, pela densidade da letra ouvida na voz de Emanuelle Araújo. Mas, no geral, quase tudo funcionou.

A própria Emanuelle evoluiu com brilho na latinidade em clima de gafieira de Baila comigo (Rita Lee, 1980). A voz cavernosa de Rodrigo Amarante se afinou com o tom viajante impresso ao fim do arranjo de Ando meio desligado (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, 1970).

Nina Becker suspendeu Jardins da Babilônia (Rita Lee e Lee Marcucci, 1978) nas alturas enquanto Matheus VK tomou Banho de espuma (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1981) com propriedade e diluiu a sensualidade íntima de Mania de você (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1979) em nome do espírito festivo do baile-show.

Do repertório, somente o rock Corre-corre (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1979), cantado por Rubinho Jacobina, pareceu sobrar entre tantas grandes músicas.

Se Moreno Veloso propagou Saúde (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1981) e dividiu Bem me quer (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1980) com Rubinho Jacobina, Emanuelle Araújo enfatizou, ao cantar Agora só falta você (Rita Lee e Luiz Carlini, 1975) com o toque da guitarra de Pedro Sá, que, antes de ficar irresistivelmente pop com Roberto, Rita foi desse tal de roque en row com a banda Tutti Frutti.

Só que, no fim, tudo acabou mesmo em (mais) Carnaval com o baile se encerrando ao som de Lança perfume (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1980). Não, não dá para fica imune ao show em que a Orquestra Imperial toca Rita Lee.


FONTE: G1 Globo


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO